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A Plenitude da Gravidez

Imagem de uma mulher grávida
freestocks.org de Pexels/ Canva

Há uns meses, fui a um parque com meus cães e, nas fotos que tirei,
estampava uma cuia de chimarrão com um pin (aqueles enfeites da cuia, que
ficam sobre a erva-mate) que dizia: “Mãe de cachorro🐶 e gato😺”. Eu achei o máximo
aquele adereço, pois pensava: “Esse é o meu, não serei mãe de humano
nessa vida”. No fundo, sempre desejei ser mãe, mas não achava possível gerar
uma vida em meu ventre. Até que engravidei.

Era metade de setembro e meu aplicativo que controla o ciclo menstrual
denunciou a seguinte mensagem: “Parece que seu ciclo está atrasado”. Eu
nem havia me dado conta. Em um sábado, dia 17, um dia antes do aniversário
de meu esposo, fui a um pronto-socorro dentário porque estava com dor de
dente. Fiz duas radiografias sem proteção, o que hoje me apavora em pensar.

A cirurgiã-dentista de plantão receitou-me uma medicação análoga à codeína,
a qual fui à farmácia comprar. No momento de pagar, lembrei-me do aviso do
aplicativo. “E se eu estiver grávida? Esse remédio é muito forte! Melhor
comprar somente paracetamol e um teste de gravidez”.

Na manhã seguinte, realizei o teste de urina, já desesperançada. Já
havia realizado dezenas de testes, sem nenhum positivo. Ao ver uma listra no
exame, constatei que era mais um resultado negativo. OK. Até que,
magicamente, uma segunda listra, pouco nítida, começou a aparecer. Chamei
meu esposo, que veio ver o teste no banheiro. Lucas exclamou: “Tu estás
grávida!”. Ainda não convencida, saímos para comprar um segundo teste.

No banheiro do supermercado, o teste novo, mais caro, apresentou as duas listras
bem nítidas e marcantes. Vibrei, com o artifício nas mãos, e mostrei-o,
sorrindo, ao meu esposo, que me aguardava do lado de fora do banheiro
público. “É real!”. Abraçamo-nos.

Ao descer para o pavimento térreo do supermercado, encontrei um casal
com um filhinho de uns três anos. Olhei para a moça, possivelmente mãe, e
exclamei: “Moça, estou grávida! Vou ser mãe!”. A mulher, sem nenhum
entusiasmo, murmurou um “parabéns”, muito do sem graça. Desanimei e meu
esposo me puxou pelo braço, dizendo para não contar para desconhecidos.
Como aquela mãe poderia não estar empolgada com a minha felicidade?

Mais tarde, em outra ocasião, também em um supermercado, um pai, empurrando
um carrinho de bebê, advertia-nos: “Aproveitem para dormir agora!”.

Imagem de um casal dormindo tranquilamente
Prostock-Studio de Getty Images/ Canva

Ainda não consegui observar nada de negativo na gravidez. Não tive enjoos, pude disfarçar meu estado por quase três meses no trabalho.

Meu intestino funciona plenamente, minha pele e cabelo estão ótimos. Pela primeira
vez não me incomodo em ganhar peso (muito embora tenha emagrecido quase
dez quilos no primeiro trimestre, o que foi bastante saudável, considerando que
eu era obesa e meu check-up semestral sempre indicava algum índice não
satisfatório).

Enfim, a magnitude de estar gestante só me torna mais radiante.
Amigos comentam que estou em minha melhor fase e irradio alegria. É
verdade.

Talvez o arrependimento seja não ter engravidado antes. Será? Mas
estaria eu tão segura, tão completa, com esse parceiro, tão responsável e
madura emocional e financeiramente, em outra época? Engravidar aos 38
anos, meu caso, pode parecer tardio e um risco, mas muitas mulheres estão
escolhendo adiar a gravidez por terem compromissos profissionais ou mesmo
por não terem encontrado o companheiro ideal.

Não é necessário ou justo romantizar a gravidez e a maternidade.
Algumas mulheres não desejam ser mães, e está tudo bem! Não é isso que
realiza uma pessoa. A maternidade deve ser vivida por quem realmente sente
em seu âmago a vontade de conceber a vida. E quantos cidadãos optam por
adotar, não gerar? Vários, graças! Ou os orfanatos estariam mais lotados do
que já estão.

Enfim, sinto que a maternidade tornou-me alguém melhor, mas esse é
meu sentimento particular. Talvez ele mude, quando o bebê nascer? Creio ser
difícil o arrependimento. Minhas noites nunca mais serão as mesmas, minha
rotina, meu corpo, meu sono. Mas tudo está mudando para melhor; sinto-me,
como diz o título do texto, plena.

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Plena como mulher e feliz por estar vivendo cada momento da gestação como único. Ainda me restam quase cinco meses de Érica Martina ou de Santiago Lucas no ventre, e quero curtir cada instante da gestação, visto que poderá ser minha única. Às mães, minha saudação e meu abraço! Agora presencio o que vocês sentem. Já é hora de mandar confeccionar um novo “pin” para a cuia de chimarrão, que diga, apenas, MÃE.

Sobre o autor

Caroline Gonçalves Chaves

Caroline G. Chaves é licenciada em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e possui especialização em Psicopedagogia e Tecnologias da Informação e Comunicação - TICs (UFRGS) e em Educação Infantil: Perspectivas Contemporâneas (Unioeste-PR). Ademais, é graduanda em Licenciatura em Letras-Língua Inglesa (UFRGS) e professora municipal da Educação Infantil de Porto Alegre-RS.
Caroline também é escritora de livros infantis e infantojuvenis, tendo lançado "Dorminhoca" (2019) e "Inverno, Verão e Livros - A História de Martina e Miguel" (2023).

Email; carolinegch@gmail.com
Instagram: @literatura_carol
Livro: autografia.com.br/?s=dorminhoca