Já falei anteriormente sobre alguns dos benefícios de olhar para a sua própria história de vida na maturidade.
Na parte I e II deste artigo, falei sobre como a autoconfiança é gerada na infância. Se você não desenvolveu naquela época, esta qualidade tem que vir da própria história de vida.
Através da revisão biográfica, você pode redescobrir forças que usou em momentos difíceis da vida, bem como suas singularidades, aquilo que você tem e que nenhuma outra pessoa pode oferecer para o mundo.
Continuo a compartilhar com vocês o impacto que o trabalho biográfico teve na minha própria vida na prática.
Saiba como a sua autobiografia pode impactar a sua vida
Problemas de saúde
Na nossa vida, temos a linha de desenvolvimento físico e a linha emocional. Na minha vida, a emocional foi de superação, mas, então, muitos problemas se somatizaram no corpo físico (vesícula, úlcera, garganta):
- Vesícula / garganta: a vesícula é um apêndice do fígado. O fígado, órgão também ligado a Marte, processa o “lixo” daquilo que é alimento para o corpo. Ajuda a digerir as emoções. O fato de a minha ter sido retirada dificulta este processo. (Aliás, meus problemas de garganta (que milagrosamente cessaram quando mudei para a Suíça, um lugar, aliás, muito mais frio) também tinham a ver com problemas digestivos — normalmente não pensamos sobre isto, mas o tubo que vai da garganta até o ânus é o mesmo.)
- Alergia: é o corpo rejeitando algo. No meu caso, percebi que era o trabalho da forma como eu estava fazendo — falando o que queriam que eu falasse, numa rede social onde não queria estar. Do que eu quero falar? Onde quero falar? E, mais importante, de que forma quero falar? Onde está minha autenticidade?
- Quebrar o pé, machucar o joelho etc.: representava uma divisão interna — a cabeça querendo ir para um lado, o coração, para outro, e eu acabava me machucando no caminho. Por exemplo, tive uma queda muito feia no meu primeiro dia de férias: eu queria me divertir, mas achava que deveria estar trabalhando.
Não são receitas que valem para todos: cada um tem uma história e um aprendizado, por isso, é importante encontrar uma revisadora (veja a minha bio, do lado esquerdo deste texto) ou aconselhadora biográfica.
Disposições planetárias
Segundo a Gudrun Bukhard, que sistematizou a biografia antroposófica no Brasil, trazemos algumas predisposições planetárias que aparecem já na adolescência e que podem servir como orientação para a escolha da profissão. Falei mais sobre elas neste texto.
No meu caso, além da disposição marciana (de Marte), que mencionei acima, se destaca a disposição venusiana: características femininas (e cancerianas) do cuidar, do trabalho como terapeuta, do amor pela beleza e a arte.
Saber disso foi muito importante para reavaliar a minha missão: percebi que minha “ela” estava mais atrelada aos cuidados com a casa e a família do que eu pensava, e que o meu papel como terapeuta está mais alinhado à minha missão que o meu papel como coach, algo mais intelectual, por exemplo.
Momentos de transição
Momentos de transição (fim de uma relação, troca de emprego ou carreira, mudança de país, noite escura da alma etc.) são como um abismo: sabemos o que veio antes, mas não temos a menor ideia do que vai acontecer a partir de ali.
Por que, então, não usar o que sabemos a respeito? Fiz um exercício de escrever momentos como este que passei na vida: como estava o cenário naquele momento, o que realmente aconteceu e como se solucionou?
Este exercício serve para você descobrir que força foi usada (sua ou de algo maior) para solucionar aquele problema.
Ao revisar minha vida, descobri que no momento mais difícil, que foi a negação do meu visto para continuar morando na Suíça, o que mais ajudou foi não fazer nada. Usando as palavras do professor Ailton Krenak, o que mais serviu foi desligar a máquina de fazer coisas. Foi confiar (sem ficar buscando soluções) e esperar para ver qual era a resposta do Universo — ele já tinha a resposta, eu só precisava silenciar para ouvir.
Respeitando o tempo e o jeito de cada um
A partir dos 42 anos, o processo de individualização só se intensifica. As partes do casal ainda podem querer ficar juntas, mas sentem cada vez mais vontade de fazer coisas sozinhos.
Pode acontecer de o animus, mais exacerbado na mulher depois da menopausa, a convide a sair mais da concha — sente um novo fôlego para realizar novos projetos, para sair ao mundo. No homem, com a andropausa aos 56, o anima o chama para se recolher.
Aprendi, portanto, a aceitar nossos momentos e necessidades divergentes. Percebi que nunca fui muito “dentro da caixinha”, então não seria agora, aos 51 anos, que entraria nela: gosto de sair sozinha, de viajar sozinha, e é só parte normal do curso da (minha) vida.
Para você começar
Se você quer começar a olhar para a sua história de vida, pode fazer isto de várias formas:
Indico o livro “Vamos Falar Sobre a Vida?”, da Edna Andrade, que foi minha aconselhadora biográfica. Nele, você vai encontrar as perguntas que vão te guiar a observar a vida sob um aspecto mais amplo e inquisitivo.
Você também pode gostar
Se quiser um apoio para fazer a revisão da sua biografia, acesse a minha bio, do lado esquerdo deste post.