Alimentação consciente Saúde Integral

Comer conscientemente

Homem em mesa de restaurante comendo lanche
123RF | Anton Estrada
Escrito por Anna Bheatriz Nunes

O ato de comer tem sido mecanizado, muitas vezes. O fato de não escolher, preparar os alimentos e delegar à indústria nos desconecta da nossa nutrição básica e o comer se torna compulsivo. Trazer consciência para a refeição é um passo de integração com os nossos corpos físico, mental, emocional e espiritual.

A cultura da correria deixou-me desconectada do meu paladar por muito tempo. Eu tinha que apresentar resultados e cada vez mais rápido, não tinha tempo e a comida ficava sempre em último plano. Comia o que dava, sem prazer ou atenção até que, certo dia, deparei-me com uma reflexão, um trecho retirado do livro “A arte de comer”, de Thich Nhat Hanh, que dizia:

Buffet de frutas e vegetais visto de cima
Dan Gold / Unsplash

“Certas vezes, comemos sem pensar no que ingerimos. Estamos pensando no passado ou no futuro, ou então, ruminando nossas ansiedades ou preocupações. Portanto, pare de pensar em trabalho, esqueça o escritório, esqueça tudo o que não estiver acontecendo quando estiver comendo. Não mastigue seus planejamentos e sua ansiedade, será complicado sentir-se grato por cada pedacinho de comida. Simplesmente mastigue sua alimentação.”

Então pela primeira vez percebi que estava comendo a pressa, a angústia, o medo, minhas emoções ao invés do alimento à minha frente. Tomar consciência é um primeiro passo fundamental na jornada da mudança. Acreditava que por ser vegetariana há anos, comer orgânicos sempre que possível, fazia de mim alguém – automaticamente – consciente do ato de comer e que era suficiente. De fato era um passo importante, mas eu não dava a devida atenção aos alimentos pela forma que comia.

No livro “Trabalho: a arte de viver e trabalhar em plena consciência”, de Thich Nhat Hanh, há uma parte que se refere ao café da manhã, uma refeição muito negligenciada. Pega-se algum alimento para comer no deslocamento de casa para o destino. Mas o café é uma das primeiras chances do dia de apreciação, cuidado, atenção e gratidão. Há uma passagem no livro que diz:

“No café da manhã, mesmo que seja só um lanche pequeno no começo do dia, coma de tal forma que seja possível ter liberdade. Você pode mastigar cada pedaço do seu desjejum com plena consciência, com alegria e liberdade. Enquanto come, não pense no que terá de fazer a seguir, ou em todas as coisas que tem de fazer no dia. A sua prática é apenas estar presente para o seu café da manhã. O seu café da manhã está presente para você; e você precisa estar presente para ele.”

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Sempre pensei na liberdade como algo externo a mim, como viajar pelo mundo, romper barreiras. Mas desde que descobri que a liberdade está ao alcance das minhas mãos e começa pela minha boca, muito mudou em mim. Porque percebi que a liberdade é proporcional à minha consciência.

Sobre o autor

Anna Bheatriz Nunes

Eu sou Anna Bheatriz Nunes, arquiteta, urbanista, escritora e poetisa. Autora do livro de poemas "da distorção à transformação", publicado pela Ape'Ku Editora. Expresso-me para dar vazão ao que sou e para me encontrar. Que as nossas expressões criem belos encontros!

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