Autoconhecimento

Do ter ao ser

Três pequenos monges observando a estátua de um monge budista ao pôr-do-sol.
Escrito por Jessica Trindade

O processo Do Ter ao Ser tem como ponto central a mestria de si mesmo, o equilíbrio entre a Matrix e o Divino, o reconhecimento do ser humano como uma parte indivisível de um Todo do qual somos e fazemos parte. Descobre-se então nosso estado criativo, de potencialidades e autoconhecimento, amor-próprio e ao próximo, empatia, crescimento individual e coletivo. Em prol do bem maior.

O chamado para a mudança

Cada um de nós em determinado momento da vida se depara com um forte desejo de mudança. Em alguns casos, mesmo tendo alcançado todos os objetivos somos surpreendidos pela sensação de “vazio”, como se ainda faltasse algo para nos trazer o sentimento de totalidade e plenitude.

Pássaros voando no céu.

Começa como uma pequena chave que nos impulsiona a abrir a porta de nosso eu interior, há muito esquecido. Surgem perguntas como: Qual o caminho a seguir? Qual é a minha missão de vida? Faço o que amo? Qual o sentido da minha existência? Tenho qualidade de vida?

Como um chamado de nosso eu, essas e outras perguntas passam a fazer parte de nosso dia a dia com cada vez mais frequência e intensidade, despertando em nós um novo “Estado de Ser” de nossa existência.

Do “estado de ter” ao “estado de ser”

Pequeno monge budista andando com um guarda-chuva andando em um templo.

Esse processo pelo qual passamos não é nenhuma novidade, o assunto já foi abordado por filósofos como Erich Fromm em seu livro “Ter ou Ser” (1987), por Sócrates“Conheça-te a ti mesmo”, por mestres como Buda em ensinamentos como “Você, o seu ser tanto quanto qualquer pessoa em todo o Universo merece o seu amor e sua afeição”.

E por Jesus quando disse: “Aqueles que sabem tudo, mas desconhecem a si próprios são absolutamente carentes”. E hoje tem sido abordado por profissionais da psicanálise, por palestrantes como André Piccirillo – Palestra “Do Ter ao Ser” (2019).

Muitos são os que reconhecem a necessidade de atribuir consciência a cada uma de nossas escolhas e atitudes, o fator determinante de quem somos, partindo do ponto A – TER, POSSUIR, CONTROLAR, ADQUIRIR, COMPETIR – para o ponto B – SER, ESTAR, SENTIR, EXPERIENCIAR, POTENCIALIZAR, AMAR, DOAR.

Por toda a história humana, fomos impulsionados desde muito cedo a conhecer e trabalhar diversas formas para o Estado Ter, mas pouco encorajados e ouso dizer até que desestimulados para o Estado Ser. Existe a sensação de “vazio”, mesmo que muitos já tenham adquirido tudo ou alcançado seus maiores objetivos, todos eles são “vazios” se baseados no ego e no Ter.

Homem idoso rindo.

Diferença e características de ter e ser

TER

  • Propriedade e lucros
  • Falsa segurança/insegurança
  • Aquisição de poder e conquistas
  • Competição
  • Medo de perder o que já se tem ou posição alcançada
  • Comodismo
  • Conhecimento limitado
  • Ego
  • Crenças limitantes
  • Ideologias

SER

  • Questionar tudo ao redor, dentro de si e fora de si
  • Autoconhecimento
  • Potencialização de valores, moral, criatividade, ética
  • Bem-estar
  • Amar, doar
  • Reconhecimento e renúncia do ego
  • Crescimento individual e coletivo
  • Existência baseada no bem maior
  • Quebra de crenças
  • Sabedoria

Menina de costas em frente a um gramado cheio de flores.

À medida que transformamos o Estado de Ter no Estado de Ser, tudo à nossa volta também passa por transformações, tudo se reformula. A partir da criação que surge dentro de nós mesmos é que cocriamos externamente um novo cenário condizente com o que somos no momento.

Neste processo não existem regras para se autoconhecer e chegar ao Estado de Ser, existem algumas ferramentas que podem auxiliar nessa busca, como meditação, ioga, terapias reiki, processos de coach, palestras de autoconhecimento e crescimento pessoal, entre outras.

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Você – O ponto central

É importante entender que você é o ponto central de toda essa mudança, é a partir de suas transformações internas que perceberá mudanças significativas em sua existência. Faça perguntas a si mesmo, e por meio das respostas ou da falta delas trabalhe a autoaceitação. Ignore o sentimento de culpa, caso este se manifeste, entenda que você sempre fez o seu melhor, dentro de suas limitações, até então desconhecidas. Elimine o ego, tente observar as situações que te incomodam ou que em algum momento já o fizeram se sentir fraco, oprimido, ofendido, e perdoe. Deixe ir o que não ressoa mais com sua nova realidade e condição. Visualize-se como um ser único (no sentido de ter suas características únicas como um ser individual) e importante, não aos outros, mas importante a si mesmo, alguém que merece atenção, cuidados, compreensão, perdão, amor e transformação. Neste momento, e somente desta maneira, é que poderá oferecer aos outros seres à sua volta a melhor versão de si mesmo e então eliminar o “vazio” que agora começa a ser preenchido por plenitude e perseverança.

Mulher sentada em um gramado com flores ao seu redor observando um templo.

A transformação do Estado de Ter ao Estado de Ser, como toda grandiosa e importante mudança, também traz consigo grandes responsabilidades e exige disciplina, afinal manter o equilíbrio entre uma vida em 3ª dimensão e uma postura equivalente a dimensões mais elevadas, que trazem consigo o Divino, requer esforço e determinação. Seria hipocrisia dizer que se trata de uma tarefa simples, quando as primeiras atitudes a serem modificadas dependem principalmente de desfazer crenças que desde o início de nossa vida foram plantadas em nosso subconsciente e fizeram parte de toda a nossa trajetória até este momento. A proposta aqui não é tornar-se santo, abster-se de prazeres, de bens materiais, deixar de ser enganado, trata-se de dar a coisas, pessoas ou situações o valor e a atenção que eles realmente merecem.

Os outros – O ponto essencial

Quando me refiro a dar às coisas/pessoas ou situações o real valor que elas realmente têm quero dizer o seguinte: considere como exemplo um carro: é muito útil, esse bem material nos proporciona conforto e agilidade nos trajetos que precisamos percorrer e que fazem parte da nossa rotina, o que não o torna insubstituível, portanto esse é o seu valor, sua serventia em nossa vida.

Mulher meditando com as mãos em oração.

O mesmo deve ser aplicado a situações de conflito entre relacionamentos pessoais. Quando somos atacados, desmoralizados verbalmente, devemos analisar a situação a partir de nós mesmos. Segundo Leandro Karnal em sua palestra para Hinode Fest 2017 – “NÃO PERCA TEMPO COM GENTE BABACA” –, quando alguém nos ofende, devemos pensar: “O que essa pessoa diz é verdade? Se sim, então ela está certa e não devo me ofender; do contrário, então não devo me preocupar, pois não é uma verdade”.

Quando tratamos de relacionamentos pessoais e convívio com os outros, precisamos desenvolver a capacidade de compreender que não é necessário travar guerras, se algo em nós é alvo de críticas ou gera incômodo em outro, o problema não está em nós, e sim no outro, que não consegue lidar com suas frustrações, e não é nosso papel apontar o dedo, se o convívio não nos traz bem-estar, precisamos apenas nos afastar. Não somos obrigados a conviver em lugares ou com pessoas que não nos fazem bem, portanto a distância é nossa melhor aliada.

E assim devemos valorizar os momentos com pessoas e em lugares que nos trazem alegria, os bons amigos, os filhos, a família, o tempo de qualidade, os lugares que nos trazem paz, as risadas e todo o aprendizado por trás do convívio prazeroso, seja entre outras pessoas, seja mesmo sozinhos. A estes também agregamos o verdadeiro valor merecido, que não por acaso são de valor inestimável.

Mãos de um monge budista em meditação.

Não importa o caminho, desde que o objetivo seja você, se este momento já chegou à sua vida, se você já despertou para essa nova fase de sua existência, seja receptivo consigo mesmo, escute seu coração e o que o seu eu interior tem a lhe dizer.

A simplicidade de Ser está no ar que respiramos, no momento do agora, no silêncio, no sorriso e na alegria sincera ao nosso redor, na leveza da alma quando não estamos julgando, formando opiniões ou presos na rotina incessante de nossas buscas materiais. Perceba o mundo à sua volta e o quanto ele também se modifica de acordo com sua transformação, outros amigos, outras oportunidades, outras percepções, outros sentimentos até então desconhecidos por você e…

… Seja!

Referências:

Erich Fromm – “Ter ou Ser?” (1987)

André Piccirillo – Palestra “Do Ter ao Ser” (2019) – Espaço Ter e Ser

www.sabedoriapolitica.com.br/products/ser-ou-ter-e-as-condicoes-de-existencia-para-uma-nova-sociedade

www.efetividade.blog.br/a-diferenca-entre-ser-e-ter

https://www.youtube.com/watch?v=7vc0ZbIujbo

Sobre o autor

Jessica Trindade

Graduada em Recursos Humanos pelo instituto UBS, iniciei formação em Jornalismo.

Trabalho na Gestão de Pessoal em empresa privada.

Com 30 anos iniciei meu projeto como cofundadora do Espaço Ter e Ser, cujo principal objetivo é levar o conhecimento das terapias alternativas e práticas de autoconhecimento a regiões periféricas e ao público infantil e jovem de São Paulo - Capital.

Iniciada Mestre Reiki Usui tradicional, unindo a técnica de Meditação Guiada com Reiki, o trabalho com os Números de GRABOVOI e aplicação dos métodos com o público Reikiano e não Reikiano.

Trabalho com o Reiki em Consultórios Veterinários, Casas de Repouso e em domicílio.

Ministro Palestras sobre O Reiki e o poder da cura com a imposição das mãos.

Sou mãe, amo escrever, dividir experiências e participar de eventos para autoconhecimento.

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