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Janeiro branco: uma campanha em prol da saúde mental

Duas pessoas estendendo suas mãos uma à outra.
gballgiggs /123rf
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Todos nós já percebemos que não é possível ter longevidade, realizar sonhos e, principalmente, ser plenamente feliz sem que haja saúde, seja ela a nossa própria, das pessoas que amamos ou da coletividade. Cada vez mais buscamos cuidar de todos os aspectos que dizem respeito ao bem-estar integral — físico, mental, relacional e espiritual. E estamos no caminho adequado!

A maioria, contudo, ainda privilegia a saúde física, com atenção à rotina de exercícios físicos, alimentação equilibrada e consultas frequentes a especialistas para verificar se o organismo está em ordem. E essas atitudes devem ser mantidas, entretanto é fundamental cuidar dos demais aspectos. Compreender que a saúde mental também deve ser foco de atenção é urgente, principalmente no mundo estressante, exigente e em constante mudança no qual vivemos.

As campanhas de conscientização, que promovem informação às pessoas sobre prevenir males à saúde, cumprem um grande papel social. Tal qual ocorre com o Outubro Rosa e com o Novembro Azul, há a campanha Janeiro Branco, que alerta sobre os cuidados à saúde mental, ampliando a abordagem da também importante campanha Setembro Amarelo. Para saber sobre ela, continue a leitura do artigo. Descubra o quanto ela é essencial para indivíduos, grupos e sociedade como um todo.

O que é a campanha Janeiro Branco?

A campanha Janeiro Branco foi idealizada pelo psicólogo mineiro Leonardo Abrahão e iniciada em janeiro de 2014, quando alguns psicólogos de Uberlândia, em Minas Gerais, foram às ruas, às instituições e às mídias para falar ao público sobre as questões e necessidades que envolvem a saúde mental.

Vários cubos que formam as palavras "mental health" (saúde mental).
Wokandapix at Pixabay, CC0 / Wikimedia Commons

Com o objetivo maior de conscientizar a sociedade para o cuidado com esse aspecto da saúde de modo que ele se torne tão natural e frequente quanto a atenção dada aos aspectos físico e bucal, a campanha ajuda a romper tabus e a mudar paradigmas. Também destaca a importância dos poderes públicos desenvolverem e manterem políticas voltadas à saúde mental que ofereçam estratégias, recursos e valorização de profissionais da área para o atendimento adequado de pessoas e de instituições sociais.

O Janeiro Branco é uma campanha que convida as pessoas a refletirem sobre o sentido e o propósito de suas vidas, sobre o quanto conhecem sobre si mesmas, suas emoções, seus pensamentos e seus comportamentos. Ela incentiva a avaliar a qualidade dos relacionamentos e a perceber que a vida de todos é estruturada em torno de conteúdos psicológicos e subjetivos com os quais os seres humanos se relacionam e convivem, trazendo impacto para a sociedade.

Anualmente no mês de janeiro, as atividades da campanha se intensificam e se multiplicam tanto no Brasil quanto em outros países como Japão, Portugal, Colômbia, Holanda, Angola, Luanda e parte dos Estados Unidos. Elas vêm se expandindo e se consolidando com líderes de todos os segmentos, profissionais liberais, artistas e demais cidadãos que abraçam a proposta de Psicoeducação, estratégia macro da causa.

Por que o mês de janeiro?

O mês de janeiro é muito simbólico. As pessoas estão predispostas a pensar sobre suas vidas, seus relacionamentos, suas emoções e seus propósitos. Estão avaliando os projetos que não conseguiram realizar no ano anterior e aqueles que desejam implementar no que acabou de nascer. Logo, estão inspiradas a refletir e a se renovar. É como se uma nova página em branco, pronta a ser (re)escrita com a própria história reorganizada, estivesse disponível a cada um. Por isso, o branco.

Como é a campanha Janeiro Branco?

A campanha Janeiro Branco tem a característica de realizar uma série de ações com psicólogos, profissionais da saúde e assistentes sociais, além de outros profissionais, influenciadores e formadores de opinião para levar ao público informações sobre a importância e os cuidados com a saúde mental.

Dois homens conversando num ambiente clínico.
Sozavisimost / Pixabay / Eu Sem Fronteiras

De maneira participativa, voluntária, horizontal, democrática e independente de ideologia religiosa são distribuídos panfletos e adesivos com temas importantes sobre o assunto, além de fitas e balões brancos como lembretes do Janeiro Branco. Também são realizadas oficinas, caminhadas, rodas de conversa, cursos, workshops, palestras, palestras-relâmpago (com 20 minutos de duração) em praças públicas, salas de espera de rodoviárias e hospitais, saguões de aeroportos, escolas, empresas, academias etc. e são concedidas entrevistas à imprensa a respeito da saúde mental no Brasil e no mundo.

Nesse sentido, chama a atenção da sociedade para observar os comportamentos e as emoções das pessoas ao redor, como forma de construir e disseminar uma Cultura da Saúde Mental, na qual os cuidados são rotineiros e constantes e não eventuais, esporádicos ou quando estão agravados.

Em outras palavras, Síndrome do Pânico, Depressão, Ansiedade, Estresse, Transtorno Obsessivo Compulsivo, Síndrome de Burnout, Fobia Social não são males que nunca ouvimos falar. Eles estão presentes no cotidiano e alguns são crescentes em número de casos e gravidade. Por isso é tão fundamental ter mais informações e saber como se prevenir e buscar ajuda especializada, tal qual se faz com a saúde física.

Dessa maneira se torna possível estabelecer as bases de uma Psicoeducação, na qual todos podem se ajudar, com senso de responsabilidade social, de modo a incentivar o debate, o conhecimento e o planejamento de ações convergentes à saúde mental, tanto no nível individual quanto no coletivo.

Como trabalhar o Janeiro Branco nas escolas?

Nas escolas, além de tratar dos temas relativos à saúde mental, é possível desenvolver atividades que apoiam a aprendizagem e a aquisição de habilidades e competências socioemocionais. Além disso, desenvolver a campanha do Janeiro Branco aumenta a possibilidade de descaracterizar os problemas mentais e emocionais como sinais de fraqueza ou de vergonha, rompendo paradigmas e transformando a ideologia no presente e para a próxima geração.

Um garoto sentado próximo à uma mesa de escola. Ele olha para um caderno em branco posto sobre a mesa e parece frustrado.
RODNAE Productions / Pexels / Eu Sem Fronteiras

Nesse contexto, as escolas podem ajudar a reduzir o número de casos de doenças mentais e emocionais, quer pela orientação sobre a identificação dos sinais, quer pelo estímulo à prevenção e ao tratamento precoce. E nesse caso há que se considerar que nos quadros laborais escolares também há funcionários que necessitam de apoio. Logo, ao realizar campanhas do Janeiro Branco, a escola apoia o cuidado individual e coletivo com a saúde mental e viabiliza a Psicoeducação. Para tanto, algumas sugestões de ações são:

  1. realizar palestras com profissionais da área de saúde mental extensivas a pais e comunidade;
  2. orientar os educadores a elaborar e implementar projetos multidisciplinares sobre o assunto;
  3. fixar e distribuir material com temas e informações importantes sobre saúde mental para promover conscientização e conhecimento;
  4. utilizar as redes sociais da escola (se houver) como meio para divulgar informações e ações sobre o assunto;
  5. reforçar a todos da escola e comunidade a importância de buscar apoio, divulgando locais e profissionais especializados;
  6. incentivar os alunos e pais sobre a importância do autoconhecimento, a preferir uma alimentação equilibrada, praticar exercícios físicos regularmente, adotar técnicas de relaxamento e meditação, buscar ajuda quando perceber emoções persistentes incomuns, como tristeza, solidão, medo exagerado, ansiedade, etc;
  7. estabelecer locais, ambientes ou momentos para relaxamento e diversão, com foco em minimizar os efeitos de ansiedade e nervosismo na época de avaliações e exames vestibulares.

Como trabalhar o Janeiro Branco nas empresas?

As empresas, de uma forma geral e principalmente as mais numerosas, estão sujeitas aos afastamentos de funcionários por problemas mentais e emocionais, o que traz vários distúrbios ao clima organizacional e ao ambiente laboral. Inclusive, de acordo com uma pesquisa realizada em 2018 pela International Stress Management Association no Brasil (ISMA-BR), o estresse alcança 72% da população economicamente ativa no país e destes, 32% sofrem com a Síndrome de Burnout.

Um homem debruçando sua cabeça sobre o seu braço esquerdo. Ele olha para um notebook e tem um semblante de estresse.
Nataliya Vaitkevich / Pexels / Eu Sem Fronteiras

No sentido de prevenir e apoiar a Saúde Mental, partindo da alta direção da empresa, algumas ações podem ser adotadas durante todo o ano e principalmente na campanha do Janeiro Branco. Dentre elas:

  1. decorar os ambientes da empresa, no mês de janeiro, com balões e flores brancas, adesivos, banners e plaquinhas com o nome e frases da campanha, principalmente nos locais de maior circulação;
  2. realizar palestras, bate-papos e rodas de conversa com profissionais da área da saúde mental, bem como mostras de filmes e outras ações para funcionários e comunidade vizinha;
  3. realizar atividades durante o mês de janeiro do tipo desafios, tanto individuais quanto em grupos, que possibilitem a troca de experiências e possam ser divulgadas nos canais de comunicação da empresa. Alguns exemplos são: meditar todos os dias da semana; manifestar gratidão por três coisas todos os dias do mês, fazer elogios aos colegas e ler um livro com temática de saúde mental. Deixe que as pessoas relatem suas ações, suas emoções e seus sentimentos. Desmistifique o ato de falar sobre si;
  4. distribuir um álbum de figurinhas com temas da saúde mental, promovendo a troca delas entre os funcionários;
  5. estabelecer áreas de lazer e de relaxamento para a desconexão com o trabalho e, ainda determinar salas e horários para a prática de terapias alternativas como mindfulness, meditação e outras, em parceria com terapeutas ou com aulas online;
  6. realizar a prática de yoga com profissional, no mesmo modelo de ginástica laboral, durante o mês de janeiro;
  7. incentivar como parte do Plano de Desenvolvimento Individual, uma ação voltada ao autoconhecimento.

Como colaborar individualmente com a campanha?

Uma mulher contemplando, de uma montanha, um horizonte com sol e um grande mar.
riciardus / Pexels / Eu Sem Fronteiras

É possível que cada um de nós seja um agente da saúde mental e contribua para a Psicoeducação, desde que os temas sejam tratados com o devido respeito, prezando pela atenção aos objetivos e à utilidade pública da campanha Janeiro Branco. Para isso, é fundamental:

  1. conhecer bem sobre o assunto, buscando informações em fontes fidedignas;
  2. disseminar as informações para que outras pessoas saibam como se prevenir do adoecimento emocional e mental, criando a multiplicação do conhecimento;
  3. utilizar as redes sociais como canais de divulgação sobre os cuidados com esse aspecto da saúde, considerando que cada vez mais pessoas têm acesso a elas. Faça posts sobre o assunto! Leve conhecimento aos seus contatos;
  4. obter as informações de sites responsáveis. É uma questão crucial causar impacto assertivo e, para isso, o conteúdo deve ser bem elaborado, pensado com cuidado e à luz da verdade que o assunto requer. Nesse sentido, o site https://janeirobranco.com.br disponibiliza um excelente material para divulgação;
  5. atuar voluntariamente no Janeiro Branco e levar conhecimento e psicoeducação à comunidade e à sociedade de forma orientada e conjunta com as propostas anuais da campanha. Demonstre seu interesse por meio do site mencionado no item anterior;
  6. cuidar constantemente da própria saúde mental, o que constitui por si só um excelente recurso para disseminar essa cultura e mudar o paradigma de só olhar para esse aspecto quando se está vivenciando um problema. A prática e o exemplo de alegria e bem-estar contribuem muito para estimular outros a conquistar o mesmo.

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Para finalizar, é urgente que haja uma cultura de cuidados preventivos e constantes com a saúde mental e que a psicoeducação seja fomentada pelos mais variados segmentos da sociedade. Logo, a campanha do Janeiro Branco vem alertar para a realidade das doenças e dos transtornos mentais e emocionais e, ao mesmo tempo, é uma esperança para que a saúde seja de fato tratada de forma integral. Ainda, apoia uma mudança de paradigmas e sensibiliza todos a contribuir na construção de uma sociedade mais humanitária, portanto inspire-se a cuidar de você também nesse aspecto da saúde integral, pois ele é responsável pela sua percepção de felicidade.

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