Comportamento

Não estamos mais cansados pois fazemos mais coisas, estamos fatigados pois estamos doentes

Mulher limpando o rosto com óculos apoiado entre os dedos
123RF | Citalliance
Escrito por Fabiano de Abreu

O cansaço pode ter vários motivos, mas, muitas vezes, não chegamos à verdadeira fonte do que o provoca.

Ao contrário do que muitos pensam, não estamos mais cansados porque fazemos mais coisas; na realidade pensamos mais e fazemos menos, estamos fatigados e preguiçosos devido a uma disfunção relacionada à ansiedade. Faltam-nos gatilhos para iniciar processos que buscam uma conclusão, fantasiamos as metas, mas não há força para iniciar.

Há, no nosso quotidiano, muitas situações malresolvidas, e isso nos causa um peso do qual não sabemos como nos livrar.

Homem sentado em sofá com expressão de estresse
Andrea Piacquadio / Pexels

Estamos mais fatigados pois temos mais pendências para resolver. Há uma pandemia, e ela não está relacionada a vírus, bactérias nem a qualquer outro microrganismo: ela está relacionada com a mente e a não adaptação às mudanças abruptas que sofremos.

Foram milhares de anos para chegarmos a este presente, em que lê este texto, mas foram apenas centenas de anos, apenas um quase nada em nossa linha cronológica, para termos que nos adaptar a esta nova realidade tecnológica e social.

O ser humano está burlando a sua identidade genética e, neste momento, sofre as consequências disso.

Doutrinamos nosso organismo em milhares de anos a metas mais alcançáveis, predeterminadas. Hoje em dia buscamos metas que necessitam de muito mais energia mental para serem alcançadas.

Por consequência daquilo que nos propomos e do patamar que queremos alcançar, há uma defasagem entre energia e tempo que não conseguimos controlar.

A ansiedade mal aproveitada gera uma necessidade de conquista que supera a realidade do tempo que seria necessário para conquistar as coisas.

É como querer algo, ter que ter algo, mas, quando a resposta não é imediata, isso causa frustração e desânimo. Esse desânimo soma-se a mais desânimo, e juntos revelam a preguiça, que na realidade é uma fadiga, e ela, por sua vez, impede mais conquistas, trazendo mais desânimo.

Mas o ser humano é engenhoso e, mesmo inconscientemente, arranja caminhos de fuga. Muitas vezes esses caminhos não se revelam a melhor solução em longo prazo.

É nesse sentido que se buscam atalhos para chegar logo ao resultado, e esses atalhos criam um vício que faz a pessoa não ter forças, deixando, assim, de praticar.

Garota com mãos na cabeça e expressão de dor com olhos fechados
Andrea Piacquadio / Pexels

A ansiedade mal aproveitada gera uma necessidade de recompensa imediata sem a necessidade do esforço. É um vício e/ou necessidade de dopamina, um pedido para aumentar a sua produção, já que não temos a mesma rotina do passado distante e estamos forçando a um descontrole desse hormônio ou forçando a sua produção por introdução medicamentosa. Por isso há tantos casos de síndromes, transtornos de ansiedade e depressão.

Se não tratamos as nossas pendências, toda essa ansiedade generalizada, relacionada a necessidade, obrigação, vontade, resulta numa fadiga que se confunde com a preguiça e eleva mais a ansiedade, que é a pendência de resolução. É um ciclo que pode resultar em um final infeliz.

Mesmo em nível físico, as consequências começam a aparecer. Esse excesso de ansiedade sobrecarrega o corpo com hormônios de estresse, como o cortisol, por exemplo. O cortisol é um regulador do estresse, já que é o hormônio responsável por manter nossa imunidade e eliminar o que tem de ruim em nosso organismo.

Esse esforço constante em combater o estresse exige um gasto de energia que leva à fadiga, já que o corpo está desprovido de energia. O estresse constante leva à fadiga crônica. A ansiedade sobrecarrega o corpo, ocasionando a exaustão. A fadiga é diferente da preguiça; a fadiga é um estado de indisposição pessoal constante relativo a uma disfunção, já a preguiça é um estado de indisposição imediato.

Mulher com rosto apoiado em ponte de madeira com expressão triste
Engin Akyurt / Pexels

O melhor remédio para combater essa doença, que levará muitos à morte prematura, são os hábitos, que vão desde a alimentação até a rotina programada por meio de uma organização. Eu falei neste texto em usar a ansiedade a favor. Ela faz parte da nossa vida, do nosso instinto de sobrevivência. Podemos usá-la ao organizar a nossa vida, definindo metas, e ela nos incentiva e promove a ação para conquistá-las. Também depende de nossos hábitos a harmonia do nosso organismo, desde a microbiota intestinal até a produção de hormônios e neurotransmissores que nos tragam bem-estar.

Ocupe a mente com afazeres, como exercício físico, metas alcançáveis, lazer, interação com outras pessoas, organização do seu dia e da sua semana de forma que traga um melhor conforto emocional. Utilize a inteligência, a consciência e seu conhecimento para agir de forma que evite danos mentais devido a disfunções. É bom olhar para o passado e entender nossa história, para que possamos agir de maneira compensatória, sem rastros de faltas que burlam nossa trajetória, já determinada em nosso código genético.

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Há uma defasagem que temos que corrigir. Temos que ter plena noção do que somos e de quais são as nossas capacidades e ajustar a nossa realidade de acordo com isso.

Para chegarmos aonde chegamos, andamos muito, caminhamos quilômetros diários, interagimos, formamos família e grupos para sobrevivermos, convivemos com a natureza, plantamos, caçamos, tínhamos sempre metas fáceis e alcançáveis que compensavam a pendência da ansiedade. É assim que temos que agir, estamos tentando virar a chave da evolução enquanto a genética e a natureza humana exigem milhares de anos de adaptação.

Sobre o autor

Fabiano de Abreu

Fabiano de Abreu Rodrigues é um jornalista, psicanalista, neuropsicanalista, empresário, escritor, filósofo, poeta e especialista em neurociência cognitiva e comportamental, neuroplasticidade, psicopedagogia e psicologia positiva.

Pós PhD em Neurociências e biólogo membro das principais sociedades científicas como SFN - Society for Neuroscience nos Estados Unidos, Sigma XI, sociedade científica onde os membros precisam ser convidados e que conta com mais de 200 prêmios Nobel e a RSB - Royal Society of Biology, maior sociedade de biologia sediada no Reuno Unido.

É membro de 10 sociedades de alto QI, entre elas a Mensa, Intertel, ISPE, Triple Nine Society, coordenador Intertel Brazil, diretor internacional da IIS Society e presidente da ISI e ePiq society, todas sociedades restritas para pessoas com alto QI comprovados em testes supervisionados. Criou o primeiro relatório genético que estima a pontuação de QI através de teste de DNA e o projeto GIP - Genetic Intelligence Project com estudos genéticos e psicológicos sobre alto QI com voluntários.

Autor de mais de 50 estudos sobre inteligência, foi voluntário em testes de QI supervisionados, testes genéticos de inteligência e estudo de neuroimagem já que atingiu a pontuação máxima em mais de um teste de QI em mais de um país corroborando com os demais resultados genéticos e de neuroimagem.

Proprietário da agência de comunicação e mídia social MF Press Global, é também um correspondente e colaborador de várias revistas, sites de notícias e jornais de grande repercussão nacional e internacional.

Atualmente detém o prêmio do jornalista que mais criou personagens na história da imprensa brasileira e internacional, reconhecido por grandes nomes do jornalismo em diversos países. Como filósofo, criou um novo conceito que chamou de poemas-filosóficos para escolas do governo de Minas Gerais no Brasil.

Lançou os livros “Viver Pode Não Ser Tão Ruim”, “Como Se Tornar Uma Celebridade”, “7 Pecados Capitais Que a Filosofia Explica” no Brasil, Angola, Paraguai e Portugal. Membro da Mensa, associação de pessoas mais inteligentes do mundo, Fabiano foi constatado com o QI percentil 99, sendo considerado um dos maiores do mundo.

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