Comportamento Pet - Animais de estimação

O Impacto emocional causado pela morte de um animal de estimação

Patas de cachorro sobre mãos humanas.
daylight917 / 123RF
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Só quem tem um ou mais animais de estimação, sem importar espécie ou raça, consegue entender a alegria que eles trazem para a nossa vida e para o nosso dia a dia, que pode, muitas vezes, ser conturbado ou estressante. O amor que um pai ou uma mãe de pet sente é indescritível e puro.

Gato, cachorro, papagaio, hamster, peixe… qualquer animal consegue ter uma conexão única com o dono e trazer paz para uma casa. De acordo com os dados da Pesquisa Nacional de Saúde, feita pelo IBGE, 44,3% dos lares brasileiros têm a presença de ao menos um cachorro, o que já deixa claro o quanto gostamos de ter um animal conosco.

Assim como ter um animalzinho é extremamente benéfico para nós, humanos, perder o companheiro de vida também faz mal na mesma intensidade. O sentimento de vazio é muito grande e a morte de um animal de estimação pode até causar depressão. Há psicólogos que garantem que perder seu bicho pode se igualar à dor de perder um familiar próximo, como perder um filho ou irmão: o luto pode durar dias, meses e até mesmo anos.

As pessoas ao redor devem respeitar e levar a sério quem está de luto por um pet. Ainda que essas pessoas não tenham tido o contato e a relação que o dono tinha com o animal, é preciso ser empático e se colocar no lugar dele nesses momentos.

Em cenário externo, mulher sorri e brinca com cachorro preto.
Gabriela Chelconi / Pexels

A Naya, a cachorrinha que era fiel escudeira de Marcela Ela, de Guarulhos, SP, dormiu por seis anos com a dona e, depois de seu falecimento repentino, não foi nada fácil superar: “(…) Sei que isso é estranho, mas sinto que só sobrevivi ao ensino médio porque tinha ela. Ela morreu de repente, foi me procurar e caiu morta no meu pé (acredito que ela quis se despedir)… E isso me destruiu tanto que eu só consegui dormir bem depois de um ano. (…) Até hoje ainda estranho meu quarto estar vazio e não ter ela observando a rua pela janela. Ela morreu no ano retrasado (2017) e até hoje sinto falta dela”, conta Marcela.

Mesmo que passemos anos e anos ao lado deles, se faz necessário ter em mente que um dia eles partirão e que isso pode acontecer em decorrência de alguma doença, complicação ou até envelhecimento natural, levando em conta que os gatos, por exemplo, têm expectativa de vida de 2 e 16 anos e os cachorros de 10 a 13 anos, enquanto a média dos humanos é viver até os 79. Ou seja, infelizmente, não é possível que nosso bichinho nos acompanhe a vida inteira. Muitas pessoas preferem conviver com os animais a conviver com outras pessoas, e elas não devem ser martirizadas por isso; os bichos de estimação oferecem amor, apoio, lealdade e conforto, ao passo que a cada dia a humanidade nos decepciona mais e mais. Por isso, quando o animal morre, o dono sente como se tivesse perdido uma das relações mais especiais da vida dele, e é isso mesmo que acontece.

Mulher sentada no chão abraça gato.
Sam Lion / Pexels

“Eu a segurei na primeira vacina, eu dei o primeiro banho, eu peguei o primeiro dentinho, eu que levei a primeira vez para passear, para fazer cocozinho fora de casa, ensinei a fazer xixi no lugar correto, a deitar, sentar e rolar. A ser paciente (pelo menos, na maior parte do tempo). Eu fiz tudo e dei tudo o que poderia dar a ela. Todos os abraços, carinhos, beijos e cheiros, e ela me retribuiu com tudo em dobro – inclusive mordidas nas horas de dar o remédio –, mas eu nunca liguei”, diz Placido Possam, de São Paulo, capital. Para ele, a forma de superar não ter mais sua cachorra Leona foi acreditar que ela está em um lugar melhor e que ele irá reencontrá-la: “Sei que ela está viva e me esperando, sem sofrimento algum. Tenho absoluta certeza disso, e ninguém vai me provar o contrário”, completa.

Olhando por essa perspectiva, quem não tem animal passa a entender melhor o luto de quem perdeu um pet. Inclusive vem se tornando cada vez mais comum a organização de funerais e enterros para os animais, da mesma forma que essas cerimônias são realizadas para os humanos. E tudo bem para o dono se ele quiser se despedir dessa forma! Esse é um momento muito delicado e pode ser necessário. Contudo, em um ponto se deve ter muita atenção: se, no processo do luto, o dono tem a sua rotina interrompida por causa da morte ou apresenta sintomas de problemas psicológicos mais profundos, procurar um profissional, como o psicólogo, é sempre a melhor opção para tratar ou evitar doenças graves da mente que podem se originar devido a essa perda.

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A morte de um animal pode influenciar a saúde física e emocional do dono e, caso ele perceba que não tem apoio ou compreensão de quem está próximo, a tendência é o dono se isolar, não desabafar, tornando a situação ainda pior. A rotina, que antes possuía pequenas – ou grandes – tarefas feitas para o bichinho ou junto dele, precisa ser toda modificada após a perda, fazendo com que alguns hábitos tenham que ser “encerrados” de uma hora para outra, gerando ansiedade e confusão, além da tristeza.

Há diversos relatos de donos que nunca realmente superaram a morte de seu animal. Joice Marcelino, de Caieiras, SP, é um dos casos. Ela teve por três anos a companhia de seu hamster Hades e o perdeu em 2018. A dona deixou uma declaração comovente para o bichinho em seu Instagram, em agradecimento a tudo que eles passaram juntos: “(…) agora você vai descansar, porque você cumpriu a sua função, me deu amor e foi a melhor criaturinha da minha vida, eu te amo muito, Hades”, encerrou Joice em sua publicação.

Hamster sobre mão de uma pessoa. Ele está próximo de flores em um galho.
Juris Freidenfelds / Pexels

Entretanto, alguns passos, ou melhor, pensamentos podem ajudar a passar por esse luto de forma menos dolorosa: o dono deve tirar o tempo que for necessário para expressar sua tristeza e lidar com a perda. Se tiver vontade de chorar, chore, não reprima o sentimento. Não se culpar pelo que aconteceu é um grande passo e talvez um dos mais complicados de entender, mas se seu animal de estimação morreu isso não é sua responsabilidade, tente se tranquilizar e imaginar que você fez o que pôde para ajudá-lo. Mariana Prignacca, de Lençóis Paulista, SP, tentou mentalizar isso nas vezes em que perdeu um animal: “(…) no começo é muito difícil. Mas aprendi a pensar que eu dei o meu melhor aos meus animais, e que a vida deles foi boa e feliz, e que temos que aprender que tudo é passageiro nesta vida”. Assim como Mariana, todos os donos de pet sentem uma dificuldade muito grande em aceitar a morte no começo, mas mesmo assim é preciso ser paciente. Não se esqueça de que você deverá retomar a sua vida habitual, mas não deixe de respeitar sua dor.

Mulher de olhos fechados chora.
Karolina Grabowska / Pexels

Diferentemente do que muitas pessoas pensam, principalmente quem não tem animal de estimação, adotar outro bichinho não é uma boa ideia num primeiro momento. É preciso entender que um animal nunca substituirá o outro, eles são diferentes, com personalidade diferente, e a falta do animal que faleceu continuará sendo sentida. Se o dono ainda não estiver preparado para que uma nova vida faça parte de seu lar, é capaz de que ele se sinta ainda mais triste e não saiba como interagir ou criar laços com o animal recém-chegado. A própria pessoa que perdeu seu companheiro deve esperar a poeira baixar, para pensar melhor sobre a questão de ter outro bichinho e fazer a escolha de coração aberto.

Os animais são seres vivos que nos ensinam mais coisas boas do que ruins, se é que não podemos dizer que só ensinam coisas boas, e eles sempre terão um espaço reservado dentro do nosso coração. Anos podem se passar, que continuaremos nos recordando das boas lembranças e momentos que eles nos proporcionaram, e isso nos ajuda a ter uma vida mais feliz e completa. Abençoados sejam todos os animais de estimação, que contribuem tanto para que nossa existência faça sentido no mundo.

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