Convivendo

O medo de ser feliz – Parte 2

Escrito por Sol Felix

Qual a sua lembrança de um dia feliz?

Seria simplesmente um acontecimento feliz?

Ou foi apenas um lapso de felicidade?

Aqui do lado, mora um senhor de idade bastante avançada que devido a um problema de saúde grave só consegue dormir de barriga para cima. O tédio de dormir sempre na mesma posição é tanto, que muitas vezes ele prefere nem dormir e fica sentadinho na sua cadeira de rodas e adormece nela mesmo.

Porém, nas noites que consegue dormir na posição de bruços, para ele é um momento de festa e até o pior pesadelo fica doce. Acorda risonho e passa o restante do dia feliz! Nesses dias, ele tem o brilho dos apaixonados!

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Assim como acontece em dias seguidos de chuva, um dia de sol e céu azul alegra a alma de muita gente. Nem entendemos o porquê nosso mau humor cativo espontaneamente dá uma trégua e sai para tomar sorvete. No entanto, acontece também um fenômeno bem intrigante:

Este mesmo senhor quando tem uma semana de sorte e passa vários dias dormindo de bruços, a sua felicidade vira rotina e se perde por aí e o que era um grande acontecimento, passa a ser um fato sem relevância. Ou seja, a gente se acostuma e o objeto de desejo de ontem se transforma em um item repetido de colecionador hoje. Até que a dor retorna obrigando-nos a dormir meses seguidos em uma mesma posição desconfortável.

Vejamos: fugimos constantemente da dor, porém quando a danada da felicidade bate em nossa porta, nós a recebemos com o que temos de melhor em nossa casa e preparamos um luxuoso banquete. Mas, na sequência, a hospedamos em um quartinho mofado, escuro e frio (sem colchão).

Aquele mesmo senhor, horas antes de se mudar tranquilamente para o céu, disse que a felicidade são bolhas de sabão flutuando aos montes por aí. Para alcançar uma delas, é preciso não fugir!

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É fundamental ter a inocência infantil de deixar a vida acontecer enquanto brincamos o tempo todo. Só então, a brisa suave da vida nos traz as bolhas maiores e mais reluzentes.

Bora brincar?

Leia a primeira parte deste artigo.

Sobre o autor

Sol Felix

Atriz formada pela Fundação das Artes de São Caetano do Sul e Designer Gráfico (Universidade Paulista). Nesta vida, resido em São Paulo desde sempre. Não sou viciada em tecnologia e amo chocolate amargo. Acredito, de forma encantada, que o ser humano é, por excelência, Arte e Artista.