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Síndrome de burnout: o que é, sintomas e como lidar

Ilustração de um homem com a mão na cabeça, em sinal de esgotamento. Há fumaça saindo pela sua cabeça
Marcus Millo / Getty Images / Canva
Escrito por Eu Sem Fronteiras

A cada dia que passa nos vemos mais próximos de chegar em um esgotamento mental, principalmente quando se trata da nossa vida profissional. Temos que dar conta de tantas coisas em 6, 8, 9, 10 ou às vezes em até 12 horas de trabalho — e temos o sentimento de que não estamos dando conta, que estamos cansados demasiadamente, a ponto de ficarmos exaustos de tudo, até mesmo da vida pessoal; e isso pode até ser caracterizado como síndrome de burnout.

O que é a síndrome de burnout?

A síndrome de burnout é classificada como um distúrbio psíquico causado pelo excesso de cansaço decorrente do trabalho. Até o final de 2021, ela estava contemplada na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID), documento elaborado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com o nome de “esgotamento profissional”.

Considerando que o papel do CID é monitorar e padronizar a incidência de novas doenças ao redor do mundo, a 11° atualização do documento, lançada no início de 2022, trouxe a síndrome de burnout de forma nominal.

A partir do CID-11, o transtorno passou ainda a ser considerado uma doença ocupacional. Na prática, isso significa que o funcionário tem direito a 15 dias de afastamento remunerado se desenvolver o transtorno por trabalhar muitas horas seguidas sob pressão.

Como a síndrome de burnout pode afetar a vida dos trabalhadores?

Mulher estressada em frente ao notebook. Seus cabelos estão bagunçados cobrindo o rosto
Yavdat / Getty Images Pro / Canva

Com o esgotamento mental que a síndrome de burnout traz, o profissional pode começar a ficar desmotivado e ter algumas doenças recorrentes, pois quando a nossa mente não está bem, o nosso corpo começa a dar muitos sinais. Isso pode trazer apatias e outros sintomas que serão descritos mais à frente.

Atualmente cerca de 15% da população sofre com a síndrome de burnout no Brasil, o que dá uma média de 33 milhões de pessoas, segundo estudos do International Stress Management Association do Brasil (ISMA-BR). Com isso, o burnout tem crescido muito pelo Brasil e pelo mundo.

Desde 2016 há estudos realizados em Londres que mostram o Brasil como o segundo país do mundo que mais afasta profissionais por questões psicológicas, tanto burnout, quanto ansiedade e depressão, apenas estando atrás dos Estados Unidos.

O agravamento e o aumento de casos de burnout no Brasil se deu após a pandemia, principalmente pelos profissionais da saúde. A pandemia gerou e ainda gera momentos de tensão, tristeza e ansiedade. Principalmente quando se trata de trabalho, a autocobrança aumenta, a jornada de trabalho também aumentou e, para muitas pessoas, não houve uma separação do que era o seu lar e o seu trabalho, trazendo o sentimento de nunca sair do seu local de trabalho.

Os sintomas da síndrome de burnout

Os sintomas podem ser observados tanto psicológica quanto fisicamente, pois a síndrome de burnout atinge tanto corpo quanto mente. Quando tratamos da mente, os principais sintomas se dão em:

  • Esgotamento mental: o esgotamento mental se dá em momentos de estresse excessivo e muito trabalho, tanto dentro quanto fora de empresas.
  • Mudanças repentinas de humor: a pessoa pode se apresentar muito sensível, muito triste, com apatia e, principalmente, irritação — e essa mudança de comportamento pode ocorrer em questão de segundos.
  • Isolamento social e baixa autoestima: a pessoa tende a se isolar tanto pelo que está sentindo quanto pela alta irritabilidade e por não se sentir boa o suficiente no que faz — e aí entramos no próximo tópico:
  • Baixa autoestima: a pessoa se sente inferior às outras pessoas do seu trabalho e nunca se acha capaz de realizar a sua função, então não está disposta a sair, socializar e sempre acha que faz tudo errado e que em qualquer momento pode ser dispensada por tudo e por todos.
Homem em frente ao notebook com a mão na cabeça em sinal de cansaço e dor
Rido / Canva

Já quando tratamos do corpo, os sintomas apresentados normalmente são:

  • Cansaço físico excessivo: muitas vezes não existe tempo para a pessoa descansar e, quando esse tempo surge, é como se a mente não desligasse, então podem acontecer episódios periódicos de insônia.
  • Dores de cabeça e pelo corpo: sem descanso, não conseguimos nos manter bem, então podem surgir dores pelo corpo e dores constantes na cabeça, que podem evoluir para uma enxaqueca.
  • Maior vulnerabilidade para ficar doente: por tudo o que foi dito anteriormente, a pessoa que está sofrendo com esse mal pode ficar com a imunidade baixa, o que pode deixá-la mais suscetível a ter algumas doenças, por causa do emocional e do corpo abalados.

Como é feito o diagnóstico?

Para diagnosticar a síndrome de burnout, é preciso procurar o auxílio de um psicólogo ou de um psiquiatra. O profissional fará o levantamento do histórico do paciente, avaliando a relação entre a condição e o trabalho realizado.

Os principais aspectos considerados são: exaustão, menor identificação com o trabalho e sensação de redução da capacidade profissional.

Ainda que o diagnóstico seja majoritariamente clínico, alguns outros modos de examinar podem colaborar para o resultado: é o caso do questionário baseado na escala Likert, uma ferramenta que analisa o nível de concordância do entrevistado com uma afirmação.

Prevenções e tratamentos para a síndrome de burnout

Garota loira com trança no cabelo fazendo exercício com bola azul de costas para a câmera com fundo de cidade atrás dela
Alexpresarte / Shutterstock

Todos nós estamos suscetíveis a ter a síndrome de burnout, porém podemos pensar e colocar em práticas formas de nos prevenirmos dela. O primeiro passo é entender que existe uma vida dentro e fora do trabalho, então é preciso evitar levar o trabalho para o nosso lar, para o momento da confraternização e do descanso. Gerenciar o tempo é importante para que não se passe mais tempo do que o necessário trabalhando, doando demais de si para o outro e se esquecendo de si mesmo, o que não é nada saudável.

É importante que sejam realizadas pausas durante o dia de trabalho, principalmente para alimentação. É preciso se alimentar direito e usar algumas técnicas de meditação e relaxamento, mesmo que seja em uma pausa de cinco minutos, além ter uma boa noite de sono e lembrar que tudo pode ser resolvido, porque, como dizem muitas pessoas, “nada como um dia após o outro”.

Por fim, é importante que as pessoas tenham momentos de lazer, viagens, façam menos cobranças para si próprias e, principalmente, lembrem-se de que os dias de folga e de férias são para essa finalidade, pois o nosso corpo e a nossa mente precisam de descanso.

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Por mais que possamos nos prevenir, essa síndrome pode acontecer com qualquer pessoa. Primeiramente, é importante evitar falar sobre trabalho no momento de lazer da pessoa que já está sofrendo. O que podemos fazer para que essa pessoa fique bem é dar o nosso apoio, convidar para sair e para ter momentos de lazer, para que essa pessoa relembre o que ela gosta.

Quando pensamos no tratamento relacionado à síndrome de burnout, é preciso consultar profissionais qualificados, como psicólogos, médicos, entre outros que possam fazer e passar o tratamento adequado. Muitas vezes é proposto um medicamento até a melhora efetiva do sujeito. Em alguns casos, a pessoa poderá ser afastada do trabalho para que o tratamento possa ser aderido da melhor forma.

Por isso é importante que sejamos cautelosos conosco, com o nosso trabalho e o nosso sustento, mas ele não pode virar um fardo e a nossa única motivação para viver. É preciso sair, se divertir, viajar, conhecer o mundo, estar com quem amamos e, principalmente, manter o máximo de autocuidado.

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