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Curiosidades sobre o natal dos bruxos e as origens pagãs do Natal

Árvore de natal desfocada
tomertu / Shutterstock.com
Escrito por Deva Layo Al-N-Dara

Muita gente não sabe, mas o Natal tem origem no Yule pagão, e sim, ele é originalmente uma festa de inverno. No calendário pagão, o Natal encontra seu momento mítico na Roda do Ano, em que o Rei do Azevinho, como Senhor das Sombras, cede lugar ao Rei do Carvalho, arquétipo solar representado pela Criança Divina: a Criança da Promessa, e em várias culturas, temos a representação deste símbolo de renascimento.

É praticamente impossível falar sobre a tradição natalina sem mencionar o Yule, pois muitos costumes do Yule foram absorvidos pelo Cristianismo enquanto este tentava se estabelecer como sede do poder na Europa. O Natal cristão já foi festejado em muitas datas diferentes, mas se estabeleceu no dia 25 de dezembro porque não conseguiu reprimir completamente as práticas celebrativas da antiga religião, principalmente a celebração do Solstício de Inverno dos povos europeus, que ocorre por volta de 21 de dezembro no Hemisfério Norte. A tradição cristã traz o mito de Maria dando à luz a Jesus no vigésimo quinto dia, sem, no entanto, confirmar o mês. Foi em 320 EC, que a Igreja Católica tomou a decisão de celebrar o nascimento de sua Criança da Promessa em dezembro, no intuito de absorver o poder do culto dos celtas e saxões. Assim, o nascimento de um Novo Deus no Solstício de Inverno não é exclusivo do Cristianismo, como muitos podem pensar, pois muitos bebês divinos nasceram nesta época nos tempos antigos.

Muitas práticas dos cristãos de hoje possuem origens essencialmente pagãs

Árvore de natal com o fundo desfocado
Ilona Kozhevnikova / Shutterstock.com

A Árvore de Natal, por exemplo, decorada com bolas e uma estrela no topo, é uma releitura da antiga Árvore de Yule que os pagãos dos tempos ancestrais decoravam, no intuito de agradecer e atrair abundância, com velas, alimentos, flores, frutas, bolas coloridas, símbolos fálicos relacionados ao Deus e o Pentagrama (que atualmente é tido como símbolo da Bruxaria, mas que, na verdade, não é exclusivo desta, pois ele é usado por diversas tradições espirituais e religiosas).

As guirlandas, o azevinho, a Tora de Yule queimada no fogo (Yule Log), são costumes pagãos. A Árvore de Yule é uma maneira celebrativa de homenagear os elementos, agradecer ao Espírito do local e pedir Sua proteção. É, na verdade, um ato de puja. Na noite do Yule, é costume acender todas as velas da árvore, fazendo um pedido para cada vela acesa de acordo com sua cor, cantar e dançar ao seu redor, festejando e honrando os Espíritos da Natureza e o Deus em Sua forma infantil, a Criança da Promessa, que renasce nesse dia. Então, podemos dizer que o “natal pagão” tem um significado completamente diferente do natal civil/cristão. Sabe por qual motivo as famílias traziam uma árvore verde para dentro de casa nessa época?

Para acolher os Espíritos da Natureza para que não sentissem o frio do inverno. Isso é amor à Natureza, é hospitalidade, é consideração, é compaixão. Sinos eram colocados nos galhos dessa árvore para o seu embelezamento, os elementais recebiam essas oferendas e retribuíam com vida, saúde e sustento durante o inverno.

Para os celtas, celebrar o Solstício de Inverno era uma reafirmação de continuidade da vida, pois era o tempo de celebrar o Espírito da Terra, pedindo coragem para enfrentar os obstáculos e dificuldades que poderiam aparecer até a Primavera. Era um ótimo momento para contar histórias, cantar e dançar com a família e os amigos, celebrando a vida e a união.

Como o Yule nasceu com os povos do Hemisfério Norte, ocorrendo durante o Solstício de Inverno, quando o Sol está em nadir, é a noite a mais escura e longa do ano. Daí vem a ideia de muitos pagãos o celebrarem como o Festival da Luz, porque este raciocínio evoca a Deusa como a Mãe que dá nascimento ao Deus Sol, a Criança da Promessa (alguma semelhança com o nascimento de crianças sagradas em outras culturas, nesta mesma época do ano?). Neste sentido, os povos antigos entendiam que era a vitória do Deus da Luz (Rei do Carvalho) sobre o Rei das Sombras (Rei do Azevinho), pois a partir desse momento os dias se tornariam mais longos com o tempo, portanto, mais luz.

Em algumas religiões pagãs, como na bruxaria wiccaniana (entre outras tradições com variações celebrativas de uma para a outra), celebra-se essa data em uma reunião conhecida como sabbat, dando boas-vindas ao retorno dessa luz. Trata-se de um ato simbólico das metáforas da psique, que na noite mais escura e fria do ano (o inconsciente), a Deusa (Self) dê nascimento à Criança do Sol (caminho, nutrição), que é uma metáfora do calor, vitalidade e fertilidade que a Terra (consciência) está precisando nessa época do ano: esperanças renascem, novos sonhos são trazidos à tona e crenças são ressignificadas, é deste costume pagão que surgiu a ideia do “ano novo”, onde a política de consumo brinca com as necessidades e esperanças da população para o ano vindouro…

O Ano Novo dos Bruxos é comemorado no mês de outubro, no Samhain, mas é em Yule que eles reforçam os votos de paz, harmonia, abundância, amor e prosperidade dentro na Nova Roda. Yule, para os bruxos, é o tempo de celebrar o nascimento do Deus Cornífero, e isso ainda é um calo para muitos seguidores das religiões abraâmicas. Por que um Deus Cornífero?

Veja bem, para quem não sabe, chifres sempre foram símbolo de poder, conexão divina, fertilidade, virilidade, sexualidade, defesa, proteção, sabedoria, provisão e vida. Para os antigos, um Deus Cornífero no inverno, uma época de escassez, traz consigo a ideia de abundância e vitória sobre as adversidades. Isso funciona até mesmo para bruxos e pagãos que vivem aqui, no Hemisfério Sul. Os que seguem a Roda do Norte acreditam que esta egrégora, por ser a original, é considerada como a ancestral mais forte para eles, por seguir o mesmo fluxo energético criado há mais de dez mil anos. E no caso do Brasil, existe a realidade cultural do país sincronizada com as datas comemorativas brasileiras, não tendo como ignorar o fluxo de energia criado pelas crenças de 202 milhões de pessoas…

Uma outra curiosidade é que a Tradição da Árvore de Natal, usa o pinheiro como símbolo, e o pinheiro era associado com a Grande Deusa. As luzes e os ornamentos, como o Sol, a Lua e as estrelas, faziam parte da decoração porque representavam os espíritos que eram lembrados a cada ano. Presentes eram ofertados nos pés da Árvore = Deusa, e também para todos os outros seres e divindades, e daí surge a prática contemporânea de trocar presentes de natal…

E as cores? Até as cores do Natal, verde e vermelho, vêm do Yule: nos sabbats, os bruxos fazem uma Fogueira Sagrada (vermelho) e erguem a Tora de Yule (verde). Essa tora é um tronco que foi cuidadosamente preservado durante todo o ano para ser queimado nessa época, enquanto um outro novo é enfeitado e guardado para proteger toda casa durante a Nova Roda. Os troncos geralmente são decorados com símbolos que representam o que se deseja atrair para si e para o grupo.

Correspondências Populares

  • Cores: vermelho, verde, dourado e branco.
  • Nomes Alternativos: Solstício de Inverno, Winter Rite, MidWinter, Alban Arthan, Carr Gomm, Retorno do Sol, Dia de Fionn, Jól (os nomes variam de acordo com a tradição religiosa. Jól, por exemplo, é uma celebração do Ásatrú, que não é bruxaria wiccaniana abordada neste texto. Ok, pessoal?).
  • Representações Divinas: o Deus, como A Criança da Promessa (Horus, Jesus, Dionísio, Mitra, Baldur) e a Deusa em Sua plenitude materna, como A Mãe.
  • Ervas: azevinho, carvalho, visco, alecrim, urze, cedro, pinho, louro.
  • Pedras: rubi, granada, olho-de-gato.
  • Comidas e Bebidas Tradicionais: bolos de frutas, nozes, pães variados, vinho quente e frio, uvas e maçãs, melões, porco ou peru assado.

Concluindo

Mesa com as velas, cesta e tradições do Yule
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O tema principal do Yule, o Natal dos Bruxos, é a Luz em todas as suas manifestações: seja no fogo da lareira, da fogueira, das velas… A Luz torna-se um elemento mágico, de encanto, que burla os mecanismos de defesa do subconsciente, capaz de convencer o Sol Divino (nossa sabedoria arquetípica) a retornar para a terra da consciência humana, fertilizando vidas, mentes e corações.

Puja ou Pooja é uma reverência, honra, uma adoração ou mesmo culto. Oferece-se símbolos de gratidão às divindades ou pessoas ilustres, pode ser realizado em uma variedade de ocasiões, desde uma prática doméstica, para pedir bênçãos a um novo projeto, até as cerimônias de templo e festivais de grande porte.

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Sobre o autor

Deva Layo Al-N-Dara

Deva Layo – nome tântrico de Luciáurea Coelho – é autora e arquiteta com especialização em cura de ambientes (Feng Shui, radiestesia e radiônica).

Atua como condutora de percepções, é empata sensitiva consciente e contatada de fenômenos anômalos (UFO), com vasta formação e experiência no segmento artístico, holístico e em espiritualidade: técnicas de dança para educação somática, terapêutica tântrica, terapêutica Yoni Egg, mestria em Reiki, practitioner em ThetaHealing, terapêutica psicanalítica e junguiana, renascimento, leitura de oráculos e condução do sagrado.

É mantenedora da Plataforma de Conhecimento LILITH-BRASIL, criadora da “Jornada para Lilith – de 21 Dias” e mentora do “Lilith Satsang – Encontros com Lilith”, da Escola Psicopompo de Lilith, do Programa Consciência Rúnica (na Rádio StartFM, em 2017), compiladora e transmissora das obras “O Chamado de Lilith”, “Lilith – Rainha da Lua”.

É também autora das obras “A Sombra Que a Gente Tem”, “O Vampiro no Divã”, “Yoni Egg – A Pedra Filosofal da Consciência Feminina”, “Meditação Yoni Egg” e da série de cinco volumes sobre Geometria Corporal Expressiva para Dança do Ventre, disponíveis no Clube de Autores e na Amazon.

Compartilha conhecimentos por meio de seus livros pela expansão da consciência planetária.

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