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O que é autismo?

Uma criança segurando um quebra-cabeça em formato de coração.
Iren_Geo / Shutterstock
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Notamos que tem sido cada vez mais comum conhecer alguém com autismo. O que antes parecia ser algo distante, hoje está mais presente na sociedade. Mas o que é o autismo e como se manifesta?

De acordo com os dados do Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, divulgado em 2022, o autismo se manifesta entre 1 a 2% na população mundial e, no Brasil, aproximadamente dois milhões de pessoas têm autismo. Entre as crianças, a proporção é de que uma a cada 59 sofra de um problema ainda pouco entendido, mas muito estudado.

É que o transtorno ocorre de forma muito variável de caso para caso, mas em geral se manifesta na alteração da comunicação e na relação com os outros. Por isso, neste artigo, entenda mais sobre o autismo, os tipos, as causa, as características, se tem cura, bem como a importância de falar sobre o tema.

O que é autismo?

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica e de desenvolvimento que começa na infância e dura toda a vida. Ela afeta como uma pessoa se comporta, interage com os outros, se comunica e aprende. Esse transtorno inclui o que era conhecido como síndrome de Asperger e transtornos invasivos do desenvolvimento sem outras especificações.

Uma criança tapando os seus olhos com as mãos.
Mikhail Nilov / Pexels

É chamado de “distúrbio do espectro” porque diferentes pessoas com TEA podem ter uma grande variedade de sintomas diferentes. Conhecer quais são os tipos e sintomas é importante para debater mais sobre esse transtorno.

Por isso é que o dia 2 de abril foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), no ano de 2007, como o Dia do Autismo. Nesse sentido, ao longo do mês de abril se realizam diversas campanhas e iniciativas pelo mundo que falam sobre o transtorno e buscam alertar sobre sua crescente prevalência, informando sobre a evolução dessa condição.

Tipos de autismo

Atualmente, o autismo não é considerado um diagnóstico único, mas sim um conjunto de transtornos que têm em comum certo grau de alteração em três áreas: déficits na interação social, problemas de comunicação e um repertório anormalmente restrito de comportamentos e interesses, podendo o paciente ainda apresentar sintomas de autismo leve.

Graus de autismo

Existem 5 graus principais de autismo. Então as pessoas que sofrem com isso podem ser localizadas em qualquer ponto do espectro:

1 — Síndrome de Kanner: é um dos nomes pelos quais o autismo clássico ficou conhecido, em oposição à síndrome de Asperger. Nas crianças, manifesta-se com problemas em diferentes habilidades intelectuais, além de problemas sociais, relacionais e de empatia. Este distúrbio foi descrito pela primeira vez pela mesma pessoa que lhe deu seu nome, Dr. Leo Kanner.

2 — Síndrome de Asperger: é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta especialmente a comunicação e a interação social. Este transtorno está incluído nos Transtornos do Espectro do Autismo (TEA).

3 — Síndrome de Rett: é um distúrbio neurológico e de desenvolvimento genético raro que afeta a maneira como o cérebro se desenvolve e causa uma perda progressiva da fala e das habilidades motoras. Este distúrbio afeta principalmente as meninas.

4 — Síndrome de Heller ou transtorno desintegrativo: é um distúrbio de desenvolvimento raro e generalizado que envolve uma alteração na capacidade de desenvolver a linguagem, as habilidades sociais, as habilidades motoras e as habilidades cognitivas e comportamentais.

5 — Transtorno invasivo do desenvolvimento sem outra especificação: é um tipo de transtorno caracterizado principalmente por uma perturbação profunda e grave em três das principais áreas de desenvolvimento da criança. Essas habilidades afetadas são: habilidades de linguagem, comportamento e relacionamentos e interesses sociais.

O que causa o autismo?

A causa do autismo não é conhecida, embora se saiba que o autismo é genético, pois é mais comum em irmãos de crianças com autismo (frequência 4,5% em irmãos de pacientes). Isso foi afirmado em diversas entrevistas, publicações e em revistas científicas pelo psiquiatra Estevão Vadasz, criador do Programa Transtornos do Espectro Autista da Faculdade de Medicina da USP.

Uma criança sentada numa cama. Ela olha para cima.
dragana991 de Getty Images / Canva

Sendo assim, o autismo pode resultar da interrupção do desenvolvimento normal do cérebro no início do desenvolvimento fetal, causada por defeitos nos genes que controlam o crescimento do cérebro e regulam a forma como os neurônios se comunicam uns com os outros.

Sintomas de autismo

Abaixo estão listados os possíveis sintomas de autismo, mas não são diagnósticos. Se você identificar algumas dessas características, pode pedir ajuda a um neurologista pediátrico ou a um psiquiatra para realizar um diagnóstico.

Sinais de autismo em bebês

Os primeiros sinais de autismo podem ser mal compreendidos e mal interpretados. É que os pequeninos parecem extremamente independentes e pouco exigentes. Entre alguns sinais estão:

  • O bebê evita contato, por exemplo: ele não olha para você enquanto você o alimenta ou não responde ao seu sorriso;
  • Não responde ao seu nome ou ao som de uma voz familiar;
  • Não segue visualmente objetos ou seus gestos;
  • Não faz nenhum som para chamar sua atenção;
  • Não responde a carinhos e não se comunica com os pais.

Sinais de autismo infantil

Muitas crianças com transtorno do espectro do autismo (TEA) mostram diferenças de desenvolvimento quando bebês – especialmente relacionadas à sua linguagem e às habilidades sociais. Alguns sinais são:

  • Não apontam coisas para indicar necessidades, nem compartilham coisas com outras pessoas;
  • Não dizem muitas palavras;
  • Repetem exatamente o que os outros dizem;
  • Não respondem quando chamados pelo nome, mas respondem a outros sons (como buzina de carro ou miado de gato);
  • Referem-se a si mesmos como “você” e a outros como “eu”, ou misturam os pronomes;
  • Muitas vezes parecem não querer se comunicar;
  • Não iniciam ou continuam uma conversa;
  • Não usam brinquedos ou outros objetos para representar pessoas ou a vida real em brincadeiras simuladas.
Um homem isolado de um grupo de pessoas.
fizkes / Shutterstock

Sinais de autismo em adultos

Embora o autismo possa ser diagnosticado em qualquer idade, algumas pessoas descobrem quando são adultos que têm o transtorno.

A lista a seguir oferece alguns exemplos dos tipos de comportamentos comuns em pessoas diagnosticadas com transtornos do espectro do autismo. Nem todas as pessoas com esses distúrbios terão todos os comportamentos, mas a maioria mostrará alguns dos comportamentos indicados abaixo:

  • Fazer pouco ou inconsistente contato visual;
  • Tendem a não ver ou não ouvir as pessoas;
  • Raramente compartilham objetos ou atividades das quais gostam;
  • Não respondem ou são lentos para responder quando chamado pelo nome;
  • Têm dificuldade em acompanhar conversas;
  • Frequentemente falam por muito tempo sobre um tópico preferido, não permitindo que os outros tenham a chance de responder ou não percebendo quando os outros reagem com indiferença;
  • Têm expressões faciais, movimentos e gestos que não correspondem ao que estão dizendo;
  • Têm um tom de voz incomum, que pode parecer que eles estão cantando, ou ter um tom monótono, semelhante a um robô;
  • Têm problemas para entender o ponto de vista de outra pessoa;
  • Repetem certos comportamentos, como repetir frases;
  • Mostram interesse intenso e prolongado em determinados tópicos, como números, detalhes ou fatos;
  • Ficam irritados com uma pequena mudança na rotina;
  • São menos sensíveis que outras pessoas a estímulos sensoriais, como luz, ruído, textura da roupa ou temperatura.

Sinais de autismo em meninas

Diz-se que o autismo é mais frequente em meninos do que em meninas, conforme o relatório do Centro de Controle de Doenças — CDC —, também de 2022.

Mesmo assim, é necessário cautela no diagnóstico. Acontece que as meninas geralmente não são diagnosticadas porque não estão de acordo com os estereótipos do autismo e escondem os sintomas melhor do que os meninos, além de se adequarem à sociedade e fingirem ou copiarem comportamentos específicos.

Entre os sinais de autismo em meninas estão:

  • Procuram lugares calmos e isolados em situações sociais (pausas, festas etc.);
  • Frequentemente apresentam crises de ansiedade ou choram em situações nas quais isso parece não fazer sentido;
  • Meninas que imitam seu grupo de pares de maneira mecânica e não espontânea;
  • Podem parecer ser egocêntricas, sempre querendo liderar o jogo e tendo dificuldade de mudar de ideia;
  • Estabelecem amizades exclusivas, podendo ficar obcecadas por outras crianças;
  • Brincam com bonecas ou objetos simbólicos (por exemplo, comida), mas se concentram na organização do jogo, na montagem da cena e na ordenação dos objetos, não no jogo em si;
  • Não entendem as piadas de seu grupo de pares e muitas vezes são vítimas delas;
  • Relacionam-se de forma dependente com adultos ou crianças.

Autismo tem cura?

O autismo não tem cura, mas aqueles pacientes que têm acesso precoce ao tratamento melhoram significativamente. O ambiente deve ser altamente estruturado e incluir professores de educação especial, fonoaudiologia, tratamento vocacional e treinamento de habilidades adaptativas.

O tratamento comportamental reduz comportamentos indesejados, promove a linguagem e a interação social e também aumenta as habilidades que promovem a independência.

Uma criança manipulando blocos de brinquedo.
Weekend Images Inc. de Getty Images Signature / Canva

Existem associações de pais de crianças com autismo que são muito úteis na organização e na distribuição de recursos. Logo, os programas educacionais devem ser baseados em princípios estruturados e incluir sistemas de aprendizagem comportamental, fonoaudiologia e terapia ocupacional.

Às vezes, o uso de medicamentos é necessário para tratar os sintomas psiquiátricos que podem aparecer, como antidepressivos para reduzir comportamentos repetitivos e antipsicóticos para melhorar a interação social.

Famosos com autismo

Na economia, até mesmo na política, ouvimos todos os dias nomes de pessoas que mudaram o mundo em que vivemos. O que nem todos sabem é que algumas delas são autistas. Por isso pessoas com autismo podem se desenvolver bem em profissões.

Você consegue pensar em algum nome? Aqui estão algumas pessoas famosas que transformaram sua maneira atípica de perceber a realidade em uma força incrível.

Bill Gates

Fundador histórico da Microsoft, empresário, programador de computadores e filantropo, Bill Gates é um dos homens de sucesso mais conhecidos e admirados do mundo. O que nem todo mundo sabe é que ele tem síndrome de Asperger.

Elon Musk

Sim, Elon Musk também. O empresário, que tinha uma visão clara do futuro mais do que ninguém, é fundador da Tesla, do PayPal e da SpaceX e declarou que sempre conviveu com a síndrome de Asperger.

Bobby Fischer

Mestre e campeão mundial de xadrez, Bobby Fischer sempre se destacou por sua genialidade, mas também por alguns distúrbios que caracterizaram sua pessoa, como a síndrome de Asperger, esquizofrenia paranoide, transtorno obsessivo-compulsivo e quase total ausência de interações sociais.

Thomas Jefferson

Thomas Jefferson, o terceiro presidente dos Estados Unidos, parece estar entre os testemunhos mais prováveis de autismo na alta política.

Lewis Carroll

O autor de “Alice no País das Maravilhas” deixou muitas dúvidas para historiadores e especialistas em autismo, que questionaram seus comportamentos e distúrbios (problemas sociais, problemas de fala, na comunicação verbal e não verbal), assumindo que ele era autista.

Precisamos falar mais sobre o autismo

Portanto, quanto mais cedo o diagnóstico for feito, maior a chance de o paciente receber ajuda e apoio adequado. Existem associações que desempenham um papel muito importante no apoio aos familiares, na divulgação de informação e na defesa dos direitos das pessoas com essa condição.

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À medida em que entendermos mais sobre o que é o autismo, conseguiremos uma maior integração social, com maior tolerância e menos preconceitos. Apoiando aqueles que têm autismo, podemos ajudá-los a melhorar suas habilidades e superar as dificuldades.

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