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O que uma semana de UTI me ensinou

Ventilador Médico e Incubadora Infantil na Sala.
alexlmx / Canva Pro
Escrito por Andrea Pavlo

Você já passou uma semana na UTI? Quando a colunista Andre Teixeira foi surpreendida com a internação do pai, começou a pensar sobre o que esse contexto pode significar na vida de alguém. No conteúdo que ela produziu, identifique as lições que a experiência pode trazer para sua maneira de ver o mundo.

Não, eu não fiquei internada, mas acompanhei meu pai em 10 longos e difíceis dias internado na UTI e, além de, por conta da minha mediunidade, eu ter visto coisas que não queria, aprendi lições importantes sobre a vida, que me fizeram reconsiderar muita coisa.

Meu pai fez uma cirurgia e alguns dias depois teve uma complicação. Pronto-socorro, febre, sintomas, muitos exames, mas ninguém sabia exatamente o que dizer nem o que fazer sobre o assunto. Depois de dois dias ele foi finalmente para a UTI, monitorado 24 h e, como idoso, tinha direito a acompanhante. Como eu trabalho durante o dia, passei algumas noites lá com ele.

Primeiro, a atenção dos enfermeiros é realmente especial. Meu pai foi super bem tratado, com carinho e atenção por todos. Às vezes alguém estava com um pequeno mau humor, mas todos foram impecáveis. Isso me fez pensar no quanto precisamos amar o que fazemos. Os pacientes na UTI são complicados, estão sob efeito de medicações pesadas e podem ser agressivos, grosseiros, pessimistas e difíceis. Mas não vi ninguém perder a linha ou a paciência, isso foi muito bonito de ver.

Enfermeira cuidando de paciente idoso.
MartinPrescott / Getty Images Signature / Canva Pro

A segunda coisa que me chamou atenção foi a idade das pessoas internadas por lá. Ao lado do meu pai, um rapaz de uns 32 anos. Na frente, uma mulher de uns 36 e outra um pouco mais velha, com no máximo 52 anos. Meu pai, com 76, destoava do grupo. Os motivos das internações obviamente graves: AVC, choque anafilático, problemas renais graves, sepse — ou seja, doenças que poderiam ter levado esses jovens a óbito facilmente.

Bom, o – vamos chamar assim – “problemas renais” roncou a noite toda (e bem alto). Deveria ter uns 35 anos e era casado. Minha irmã, que passava o dia com meu pai, falou que no dia seguinte à internação, a esposa e esse rapaz estavam – em plena UTI – fazendo reuniões de trabalho online. Falando alto, dando bronca em funcionários, enquanto ele tentava se recuperar, literalmente, da morte iminente.

A moça do “AVC” tratava todos os enfermeiros mal. Reclamava da comida, da demora do enfermeiro em levá-la ao banheiro, da temperatura do ar-condicionado e até dos lençóis. Meu pai deu graças a Deus quando ela foi levada para o quarto e parou de causar na UTI. O rapaz do choque anafilático ficou descrevendo os lanches do Mc Donald para quem eu acho que era a namorada dele durante toda a visita. Dando detalhes sobre o cheddar e o bacon de lanches que, sinceramente, eu nunca nem tinha ouvido falar.
Essas coisas eram os quadros que víamos de pessoas extremamente doentes. Mas, acredito, antes da doença física, notadamente doentes emocionalmente. Se você foi parar numa UTI, dê um tempo no trabalho para se recuperar, pelo amor de Deus. Não tem anjo da guarda que dê conta.

O que estamos vendo é uma profusão de pessoas adoecidas, não somente no físico, mas com crenças tão desesperadas, com um desejo insano de “dar certo” e de provar para o mundo que são tão perfeitas que isso, literalmente, vai acabar com elas. Será que estamos falando de uma tentativa inconsciente de “ir embora” ou uma necessidade imensa de ser e ter o que não se é ou tem? Um desespero pelo sucesso, pelo dinheiro e pela perfeição que está enchendo as UTI´s por aí? As pessoas não cuidam mais de si mesmas? Será que é tão difícil de entender, gente?

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Bom, eu só posso usar essa experiência em meu favor. Descanso, exercícios, alimentação saudável, vida ativa e um propósito sadio é o que nos leva a nos realizarmos como humanos. Não é tanto sobre ter e sim sobre ser. Espero que todas essas pessoas tenham a sua segunda chance e saibam o que fazer com ela. É o nosso equilíbrio vital.

Sobre o autor

Andrea Pavlo

Meu nome é Andrea Pavlo. E poder apresentar esse nome assim, parece fácil, mas não foi. Esse nome é fruto de muito autoconhecimento e autoanálise.

Fruto de duas faculdades e mais de mil horas de cursos, mentorias, vivencias e aprendizados. Fruto de muitos risos, muitas dores e muitos resultados. Sou uma espiritualista que aprendeu a servir. Servir ao outro com seus aprendizados. Apoiar mulheres a passarem por suas próprias dores.

Filha de pais narcisistas, passei a vida tentando entender a cabeça deles. Isso me ajudou a me apaixonar pela psicologia e por todas as ciências afins.

Filha de Iansã, devota de Santa Sara e neta da Dona Arlinda, trouxe uma
mediunidade temperada com clarividência, sonhos premonitórios e um dom de ler o inconsciente coletivo e pessoal. Dom que eu uso justamente para servir.

Apaixonada pela beleza da arte, da decoração e da moda, adoro transitar nesses pequenos grandes universos cheios de simbologias. Amante dos ensinamentos de Carl G Jung e seu entendimento do mundo, dos arquétipos milenares do tarot e por todas as formas de mistérios ocultos e especiais que considero o tempero especial da realidade.

Tentando manter os pés sempre no chão, o peso equilibrado e o humor em dia, esses são meus desafios eternos. Desafios que eu encaro com força e muita criatividade, além de uma xícara de café quente e um pão de queijo saindo do forno.

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