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Responsabilidade emocional: o que é e como praticá-la?

Pessoas com as mãos se tocando.
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Escrito por Eu Sem Fronteiras

Quando lemos a expressão responsabilidade emocional, é natural que a primeira reflexão que surja em nossa mente seja: “Como assim somos responsáveis pelo que o outro sente?”

É uma questão que parece ser confusa, mas na verdade é mais simples do que pensamos. A responsabilidade emocional se trata de usar essa consciência para se comunicar com o outro de forma clara e direta sobre suas próprias intenções e seus sentimentos, a fim de alinhar expectativas.

“Mas isso significa que eu tenho que ter responsabilidade emocional com qualquer pessoa com quem eu me comunico?”, você pode se perguntar. Mas não, nem sempre é seu papel exercer essa responsabilidade sobre pessoas que mal se relacionam com você. Quer entender melhor essa questão? Acompanhe o artigo até o final!

O que é responsabilidade emocional?

Uma coisa é fato: é impossível sermos 100% responsáveis pelas emoções de alguém o tempo todo, considerando que há uma linha tênue entre os sentimentos que você causa e os sentimentos que uma pessoa tem por diversas outras razões.

Mas a responsabilidade emocional deve ser a principal via de mão dupla entre você e qualquer pessoa com quem tenha ou com quem esteja iniciando um vínculo emocional. E há uma ferramenta muito poderosa para exercer isso: o diálogo.

Um exemplo clássico de falta de responsabilidade afetiva são relações amorosas que estão no começo, quando ninguém ainda tenha oficializado nada, mas uma das partes segue alimentando expectativas falsas sem se preocupar com os impactos que essas expectativas podem causar na outra pessoa.

Mesmo quando suas intenções são mínimas, ser honesto e deixar transparecer o que você está disposto a oferecer para o outro é uma responsabilidade sua. Esse juízo passa a ser apenas da outra pessoa quando ela escolhe alimentar expectativas mesmo quando o outro comunica com sensatez os seus objetivos e intuitos dentro dessa relação.

Mesmo tendo as relações amorosas como exemplos mais comuns da necessidade de responsabilidade afetiva, esse dever surge para todas as partes dentro de qualquer tipo de relação, seja ela familiar, seja profissional e até mesmo relações de amizade.

Como praticar a responsabilidade emocional

O princípio da responsabilidade emocional está na comunicação e tem a clareza e a honestidade como os principais pilares. Uma vez que você entende que suas palavras e ações criam emoções e expectativas no outro, você começa a prestar mais atenção ao seu comportamento.

Outro traço que não se deve deixar para trás ao falar de responsabilidade afetiva é a empatia. Sempre pense em como seria se você estivesse no lugar do outro, experimentando essa onda de emoções ruins que podem ser evitadas com pequenas atitudes. Não é muito legal, não é? Então alinhe sempre as expectativas!

Homem e mulher sentados um em frente ao outro. Eles estão conversando.
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Cada relação tem a sua dinâmica e tentar entendê-las não é uma ciência exata. Por isso separamos alguns exemplos de responsabilidade emocional que podem ser aplicados em diferentes tipos de relações: na amizade, na família e no amor romântico.

Responsabilidade emocional no relacionamento amoroso

Aqui estamos falando de uma dinâmica amorosa muito mais intensa. Seja em um namoro de longa data, seja em uma paquera recente, esse tipo de relação causa misturas de sentimentos em ambas pessoas.

Existem dois tipos de pessoas que podem colocar tudo a perder em uma relação amorosa: as que são emocionalmente dependentes da pessoa amada e as que não reconhecem as expectativas falsas que gera no outro. Quando esses dois tipos de pessoas se encontram, temos um vulcão em erupção.

A consciência acerca da sua responsabilidade emocional pode tornar o seu relacionamento muito mais saudável, isso com o poder de comunicação e o movimento natural de expressão nessa relação. Os sentimentos são colocados na mesa e cada um pode entender melhor o que fazer com suas próprias questões e com a questão do outro.

Também é importante ter em mente que a linha entre a responsabilidade e a culpabilidade é tênue, ou seja, chega um momento em que não é mais culpa sua se a pessoa está triste, com raiva ou nutrindo qualquer outra emoção negativa. Mas você estará sendo emocionalmente responsável se optar por acolher e entender a dor do outro mesmo assim, para evitar uma zona sensível entre vocês. Mas claro que esse acolhimento deve se manter dentro do que está ao seu alcance.

Há muitas discussões sobre responsabilidade afetiva quando o cenário é um início de relacionamento, daqueles ainda indefinidos, como os de ficantes e paqueras. Quem está mais disposto a dar o primeiro passo? Quem está apenas nutrindo expectativas, mas sem intenção de levar essa relação adiante? Quem está ferindo ou sendo ferido pela falta de honestidade e comunicação que pode haver durante essa fase?

Essa é uma reflexão que, novamente, levará você ao princípio básico da empatia: não faça com o outro o que você não gostaria que fizessem com você.

Responsabilidade emocional na amizade

A amizade, por envolver partes sem vínculo familiar ou amoroso, acaba sendo subestimada quando o assunto é emoções. Muitos acreditam que não há um compromisso tão sólido para envolver o sentimento de dois amigos, mas isso está errado.

Qualquer relação próxima entre humanos envolve emoções, portanto isso deve ser olhado com cuidado na amizade também. Nesse caso, ambas as partes nutrem expectativas sobre as atitudes e os sentimentos do outro.

Duas mulheres deitadas viradas para cima, elas estão sorrindo.
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Um cenário muito comum em que há um desencontro de intenções e expectativas é quando duas pessoas veem a amizade se abalar com a inclusão de um terceiro. Ciúme e sentimentos de exclusão e substituição podem ser reações de uma dessas pessoas, por isso é importante que cada um reveja quais são as causas e saiba conversar com honestidade sobre esse problema sem gerar mágoas.

Responsabilidade emocional na família

Nossa família são pessoas que se relacionam conosco desde que nascemos. Com toda essa intimidade e durabilidade numa relação, é impossível que todas as partes saibam lidar perfeitamente com emoções. E claro, nesse núcleo, alguém já foi responsável pelas emoções de outro alguém na família.

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Em ambientes onde a comunicação falha desde sempre, é difícil simplesmente adquirir essa habilidade de um dia para o outro. Mas reconhecer onde há a irresponsabilidade afetiva e conversar sobre isso com nossa família, que são as pessoas mais próximas de nós, torna tudo mais saudável.

Um bom exemplo está na relação de pais e filhos. Quando os filhos crescem, a sua busca por independência acaba gerando emoções em seus pais, colocando uma carga sobre tudo o que é dito e feito. Os pais, por sua vez, colocam essa carga de expectativas sobre os filhos de forma que eles não consigam controlar. Essa dinâmica exige inteligência e responsabilidade emocional dos dois lados.

Os males que a falta de responsabilidade emocional pode causar

Quando não há responsabilidade emocional em uma relação, sempre tem alguém que sai mais ferido. Muitas vezes, essas pessoas que se traumatizaram com esse tipo de relação sofreram intensas manipulações e manobras de poder por parte da pessoa que nunca soube reconhecer o quanto suas atitudes impactam o emocional do outro.

Essas relações nada saudáveis geram, além de traumas:

  • Baixa autoestima;
  • Dependência emocional;
  • Dificuldades em levar relações sociais adiante;
  • Ansiedade;
  • Depressão;
  • Entre outras complicações.
  • Uma hora temos que reconhecer

É, talvez temos mais a aprender sobre nossas relações do que imaginamos. Você já parou para pensar nas reações e emoções que suas atitudes ou palavras causaram? Já refletiu sobre quem são as pessoas que já fizeram você se sentir mal, sem se responsabilizar por isso no final das contas?

Esse aprendizado e as formas de lidar com o outro são ensinados todos os dias na escola da vida, onde aprendemos com as quedas. Mas a verdade é que, desde crianças, não somos ensinados a ter inteligência emocional e habilidades para dialogar sobre nossos sentimentos. É por isso que o autoconhecimento, com ajuda de um profissional de psicoterapia, pode ser um ótimo aliado nessa jornada!

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