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Dança: A história e seus benefícios

Silhueta de mulher dançando no deserto com lenço vermelho durante por do sol
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Escrito por Anne Moon

Por Anne Moon. São Paulo, 4 de abril de 2021.

A dança para alguns é um hobby e para outros, carreira profissional, mas uma coisa é certa: ela traz muitos benefícios para a saúde física, psicológica, emocional e até espiritual.

Sim. Mais à frente vou explicar esses benefícios. Vamos começar com a história dessa forma de expressão de arte muito antiga, que existe desde a era pré-histórica. Nesse período o ser humano já dançava, mas nesse caso era para sobrevivência, o abatimento de animais e depois, na época do antigo Egito e na antiga Grécia, foi atribuído um significado mais sagrado para a dança, adicionando gestos místicos a rituais religiosos. A dança era até mesmo usada por guerreiros gregos para se prepararem para as batalhas e formar a estética física no padrão que era imposto para eles.

Povos antigos já dançavam também para comemorar a colheita. Nas culturas indígenas ainda há o costume das danças tanto para se preparar para alguma guerra, torneio ou para a passagem da infância para a fase adulta. No Japão e na Índia existe o costume de danças sagradas para honrar os deuses, assim como na Grécia, onde existia certa dança ritualística, muito mencionada na história, feita nas festas do Minotauro ou do deus do vinho, Baco.

Dizem que o corpo se comunica e a dança é uma forma como nosso corpo se comunica, usando de gestos ou “passos” mais elaborados, seja para se comunicar, interagir socialmente ou entreter (a dança era performada nos teatros gregos acompanhada de um coro). A dança é também usada para passar adiante valores culturais de um grupo. É algo tão instintivo, que até os animais têm suas danças para intimidar adversários e predadores, mas também para chamar a atenção de possíveis parceiros.

Mulheres dançando balé
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Por falar em grupo, a dança pode ser performada por uma ou mais pessoas em conjunto, uma variedade de escolhas, ainda mais existindo variados gêneros, ou seja, tem para todos os estilos e gostos. Desde os gêneros de dança mais calmos, os mais agressivos e os mais sensuais, até o sexo em si é considerado uma dança.

Diferentemente, na Idade Média era considerada algo “profano” e vulgar, não era bem-vista pela Igreja Católica. O corpo era visto como a fonte do pecado, então se restringia a festas populares ou a festas colossais dadas pelos monarcas regentes. As danças eram a dois, em grupo ou em filas. Assim essas danças foram levadas para os bordéis medievais e mais à frente, na época do Renascimento, o que conhecemos hoje como ballet foi levado para os teatros e para a corte como uma forma de arte. Assim surgiram manuais, professores especialistas e pessoas dedicadas ao estudo.

Isso mudou na era renascentista. A palavra “ballet” veio da palavra “balleto”, surgindo na Itália com o casamento da rainha Maria de Médici com Henrique IV. Ela própria trouxe o balleto para a corte e assim, com o tempo, foi chamado de “ballet” e considerado algo digno de ser performado pela corte.

Um tempo depois, na corte do rei Luiz XIV (o Rei Sol), começam as performances de ballet mais dramatizado, com coreografias, figurinos, história com início, meio e fim. Esse monarca usou do ballet para afirmar seu poder absoluto como rei. Nessa época se destacava o compositor Jean-Baptiste Lully, que escreveu músicas para cada coreografia. Ele ainda era diretor da Academia Real de Música.

Então a dança se tornou uma parte importante na educação de sucessores do trono. Os gêneros mais conhecidos eram minueto, gavote, sarabanda, allamande e giga.

No século XVIII surge a valsa na Áustria e no Império Alemão. Por um tempo foi vista como algo polêmico, pelo fato de essa dança ser constituída por um casal dançando abraçado. Assim foi se espalhando pela Europa, vindo para o Brasil pelos portugueses. Até hoje a valsa é incorporada às festas de casamento e de debutante.

Casal dançando valsa
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Na época do romantismo, as performances de ballet assim foram dos grandes salões para os palcos, virando grandes espetáculos. O drama-ballet-pantomima passou a existir e a ser performado por artistas profissionais, tanto homens quanto mulheres, com grandes cenários e figurinos. Os bailarinos começaram a usar sapatilhas de ballet.

Isadora Duncan apresentava uma dança mais livre, mais relacionada à vida real.

Na era do Romantismo, século XIX, o ballet se consolida como arte, assim como a ópera, que estava em bastante evidência e obrigatoriamente números de dança acompanhavam os espetáculos.

Tchaikovsky surge como o maior nome dos espetáculos de ballet, com musicais mundialmente conhecidos e apreciados, tais como “Lago dos cisnes” e “O quebra nozes”.

No final do século XIX, outros tipos de dança foram surgindo. Na Argentina e no Uruguai, o tango; no Brasil, o chorinho e o samba; nos Estados Unidos, o canto gospel.

Já na era do Modernismo, a dança se tornou mais livre, ainda que continuasse seguindo as convenções. Começaram solos improvisados. Isadora Duncan vem sendo revolucionária, quebrando a rigidez do ballet, com tutus e cenários gloriosos.

Ela preferia roupas mais simples, se apresentar descalça e sem qualquer tipo de cenário. Isso trouxe várias formas de linguagem na dança contemporânea. Martha Grahan e Nijinski são grandes nomes nessa época. Nijinski trouxe algo revolucionário para esse mundo.

Mulher de vestido dançando descalça na praia
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A partir daí foi mais valorizado o sentimento por trás da arte e seu significado, mais do que a estética em si. Houve muitas experimentações na arte, várias produções de forma a desconstruir o que conhecíamos sobre arte. Já na década de 1960, a arte se consolida como uma forma de expressão livre e independente. Nessa desconstrução, tiraram a figura do solista e propuseram maior igualdade entre homens e mulheres no palco.

Existem grupos que não usam música em suas performances. Vemos um cenário mais democrático e independente em sua forma de linguagem, com mais interação do artista com o público. Não havia regras rígidas e ela se tornou mais acessível para quem quisesse praticar.

No Brasil

Agora, em se tratando de Brasil, além das danças milenares dos povos indígenas, houve também contribuições dos povos africanos escravizados no Brasil. Eles faziam danças sagradas para honrar os orixás e existia uma dança chamada “umbigada”, que consiste em um casal dançando bem próximo, fazendo movimentos com o corpo até seus quadris se encostarem.

Outra dança famosa no Brasil era o maxixe, dança que foi proibida no país. Muito conhecida nas gafieiras e cabarés que existiam em 1875, sendo considerada vulgar e não bem-vista em casas da alta sociedade, porque a dança apelava para a sensualidade, o casal movendo os quadris, formando um círculo com o próprio corpo.

Essa dança, para a época em que estamos, pode não parecer nada demais. Eu mesma adorei. Deve ser muito gostosa essa dança; mas, para aquela época, era algo muito escandaloso. Compositores de músicas de maxixe como Chiquinha Gonzaga tiveram de mudar o nome nas partituras para ser passável para as casas da alta sociedade.

Outra dança que se destaca nessa época era o frevo, uma junção de maxixe, marcha e capoeira (uma modalidade de luta usada pelos africanos em batalhas, que consiste em movimentos ritmados que parecem uma dança).

Homens  praticando capoeira
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Entre 1914 e 1922, a dança maxixe foi se destacando pelo mundo, ficou conhecida nos Estados Unidos, na Europa e, quando surgiu a dança do samba de salão e outras danças mais simples, o maxixe caiu no esquecimento. Após a década de 1960, o Brasil também seguiu essa linha mais libertadora da arte, explorando o “floor work”, uma modalidade de dança que pede movimentos corporais, usando o chão como suporte.

Então podemos dizer que foram atribuídos vários significados e com eles vieram vários benefícios. A dança traz mais coordenação motora, disciplina, consciência entre mente e corpo, movimentos mais precisos e graciosos.

Outros efeitos maravilhosos perceptíveis para quem dança são: mais flexibilidade, resistência e força; produção de serotonina (hormônio do bem-estar); aumento da autoestima e da conexão consigo mesmo(a); ativação da energia feminina (energia da intuição, da sensitividade, do receber). Para entender melhor, leia meu artigo sobre Yin-Yang aqui mesmo no Eu sem Fronteiras.

Dançar sempre foi atribuído à sensualidade, com o propósito de passar uma imagem mais sexy para o outro. Realmente a dança nos traz essa energia mais sensual. As pessoas que dançam são vistas assim, mas vou bater naquela tecla de sempre: a dança é muito mais para nós mesmos(as) do que para o outro. É autoconexão, é você em comunicação com o próprio corpo, como também pode se comunicar com o outro. O que é algo supernormal, como já falei no início desse artigo: até os animais usam os movimentos corporais e principalmente a dança para se comunicar com os outros e até com parceiros sexuais.

Temos de aceitar que o ser humano também é instinto, isso é uma parte de nós. A dança pode ter vários propósitos. Não tem exclusiva e necessariamente o objetivo da sensualidade.

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E você? Já experimentou dançar? Se sim, comente aqui sua história com a dança. Se não experimentou, comece agora e me conte como se sente. Eu recomendo e falo isso por experiência de mais de 20 anos de dança. Posso dizer que, desde que “me conheço por gente”, dançar faz parte da minha vida, desde que eu tinha 3 anos. Nas aulas de ballet e ginástica, aprendi a dançar e principalmente a sambar, mas foi aos 6 anos que comecei a amar a dança, fazendo um número de dança como Carmen Miranda. Daí venho dançando até hoje e até posto vídeos em meu perfil do Instagram.

Gratidão a você que leu este artigo. Não se esqueça de comentar aqui a sua história com a dança. Vou adorar ler.

Sobre o autor

Anne Moon

Anne Moon é uma escritora graduada em letras que nasceu e mora em São Paulo com seus pais e com o irmão mais velho. Desde criança adora escrever e contar histórias. Antes dos 10 anos já havia escrito duas histórias de ficção e uma biografia, e aos 14 anos começou a escrever o primeiro volume, “The Rise of the Fallen”, da série de livros “Dark Wings”

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