Entre os anos de 1925 e 1930, um inglês chamado Sir Albert Howard deu início a pesquisas em uma estação experimental, na Índia, com o objetivo de demonstrar a relação da saúde e da resistência humana às doenças com a estrutura orgânica do solo. Assim surgiu o conceito de agricultura orgânica, publicado no livro “Testamento Agrícola”, de Howard, em 1943.
Um dos princípios básicos defendidos por Howard era o não uso de adubos artificiais e, particularmente, de adubos químicos minerais. Exatamente a principal característica dos alimentos que compõem a Nutrição Orgânica até dos dias de hoje.
O alimento orgânico, além de ser isento de adubos químicos e de agrotóxicos, também não deve conter drogas veterinárias, hormônios e antibióticos, assim como organismos geneticamente modificados, e ainda respeitar os princípios agroecológicos que contemplam o uso responsável do solo, da água, do ar e dos demais recursos naturais, respeitando as relações sociais e culturais”, explica a nutricionista Jaqueline Fagundes.
Além disso, a produção orgânica vai além da não utilização de agrotóxicos. O cultivo deve respeitar aspectos ambientais, sociais, culturais e econômicos, garantindo um sistema agropecuário sustentável.
Benefícios
De acordo com o estudo “Alimentos orgânicos e saúde humana: estudo sobre as controvérsias”, publicado na Revista Panamericana de Salud Publica, é difícil estabelecer relações entre o consumo de alimentos orgânicos e benefícios para a saúde. “Os estudos populacionais que compararam a saúde das pessoas que consomem habitualmente alimentos orgânicos com a saúde daquelas que consomem alimentos convencionais apresentaram grande número de variáveis não controladas”, interpreta Jaqueline.
Ainda assim, ao optar por alimentos orgânicos, o consumidor está ingerindo menos substâncias tóxicas e apoiando um processo de transição ecológica que visa a desintoxicação gradual dos alimentos, do solo e das águas, promovendo a saúde ambiental.
Já estão documentados também os efeitos dos agrotóxicos sobre a saúde humana, tais como imunodepressão, mal de Parkinson, depressão e outras desordens neurológicas, aborto e problemas congênitos, alguns tipos de câncer, infertilidade, e sintomas respiratórios.
Variedade
São muitos os tipos de alimentos cultivados de maneira orgânica, desde frutas e verduras até produtos de origem animal. Segundo o Instituto Biodinâmico (IBC), um certificador brasileiro reconhecido internacionalmente, os produtos mais consumidos no mercado interno são as hortaliças, seguidos de café, açúcar, sucos, mel, geleias, feijão, cereais, laticínios, doces, chás e ervas medicinais.
“É importante mencionar que a dieta orgânica não exclui nenhum tipo de alimento. O que se leva em consideração é a sua origem com foco na qualidade, ou seja, com um cultivo mais adequado o alimento se torna mais saudável que o convencional”, comenta a nutricionista.
Regulamentação dos produtos
A preocupação constante com a saúde e com o meio ambiente fez crescer, e muito, a popularidade dos alimentos orgânicos. Atualmente, os alimentos orgânicos são encontrados facilmente nas grandes redes de supermercados, em lojas de produtos naturais e feiras de diversas cidades brasileiras e o País já ocupa posição de destaque na produção mundial de orgânicos.
Por esse motivo, em maio de 1999, a atividade passou a ser regulamentada no Brasil. De acordo com Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) os produtos vendidos em lojas e supermercados devem conter o selo SisOrg, obtido por meio de uma Certificação por Auditoria ou por um Sistema Participativo de Garantia. Os agricultores familiares (direto nas feiras) são os únicos autorizados a realizar vendas diretas ao consumidor sem certificação, desde que esteja cadastrado junto ao Mapa e ligado a uma Organização de Controle Social. “Assim o consumidor pode pedir que o produtor apresente sua Declaração de Cadastro para confirmar sua condição”, ressalta Jaqueline.
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Um produto industrializado para ser considerado orgânico deve ser composto de no mínimo 95 % de ingredientes orgânicos. Os que têm proporção menor só podem ser chamados de “produto com ingredientes orgânicos” e essa porção tem que ser de, no mínimo, 70%. “Já os com menos de 70 % de ingredientes orgânicos não podem ser vendidos como tal e não podem ter o selo brasileiro”, enfatiza a nutricionista.
Para não errar
Não confunda alimento orgânico com alimento natural. Alimento natural é aquele que pode ser obtido diretamente na natureza, como frutas, legumes e verduras diferente do alimento processado que foi produzido ou processado pelo homem. Ou seja, um alimento natural não é sinônimo de um alimento orgânico.