“Não levo o menor ritmo para bateria ou estes tambores!”
“Ain, sou uma pessoa sem ritmo nenhum, não levo jeito pra ficar batucando!”
“Sou muito fora do ritmo e com péssima coordenação motora!”
Você leitor se identificou com alguma das afirmações?
Pois bem, tentarei mostrar que todos são feitos de puro ritmo, para sairmos do conceito comum e expandir nosso conhecimento nos atentando ao macro e não micro.
Os ritmos são infindáveis dentro da gama cultural, porém sabe-se de fato o que é o ritmo? De maneira simples o ritmo refere-se a uma organização; tudo o que tem relação direta à periodicidade e/ou ciclos contém um ritmo.
O ritmo está em tudo. Segundo Consorte (2012), na natureza há quatro estações do ano, as fases da lua, as marés. Para o tempo cronológico tem-se o relógio, os dias, os meses e os anos; para um ritmo biológico: o ciclo menstrual de uma mulher, o tempo de uma gestação, as frequências cardiorrespiratórias e a circulação sanguínea. Tarefas simples como escovar os dentes e o tempo de vigília, são componentes de um grande ritmo biológico peculiar de cada indivíduo. O autor ainda afirma que o ritmo relacionado à música é estabelecido a fim de que exista uma métrica, uma organização: um pulso. No Brasil o ritmo é uma das características mais presentes dentro da musicalidade regional.
“Tudo e todos são ritmados segundo sua própria existência…”
Corrêa (2009) afirma que dentro da cultura brasileira existem alguns ritmos mais latentes e recorrentes que influenciam desde brincadeiras de rodas e ritos sagrados, até os estilos musicais mais atuais, por exemplo: o baião, carimbó, tambor de crioula, samba, frevo, maxixe, congada, maracatu, coco, jongo e os contemporâneos rock brasileiros com linguagens inovadoras. Para a autora, o ritmo é o elemento basal dentro da diversidade sonora percussiva; cada ser humano está ligado com este elemento, desde sua vida intrauterina, seu desenvolvimento até sua morte.
Quando pensamos em ritmo restringimos tanto nosso foco que nos limitamos a ter uma única associação, que é a produção musical. O ritmo vai muito além do fazer musical, há uma relação intrínseca com a sua forma de ser e agir, todos tem aquele amigo que é um furacão de ideias e faz mil coisas ao mesmo tempo, e temos aqueles que são mais pacatos em seu modo de viver. Cada um tem seu ritmo, são diferentes, mas são totalmente rítmicos.
Pensando nestes conceitos podemos afirmar que tudo e todos são ritmados segundo sua própria existência. Cada um a sua maneira, com seus passos ao caminhar, com sua respiração, rituais, tudo se torna ritmo quando se tem o objetivo desta métrica organizacional.