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Plantar a Lua: um ritual que toda mulher deveria conhecer

Mulher segurando coletor menstrual junto com uma flor
cottonbro / Pexels
Escrito por Eu Sem Fronteiras

“Virar mocinha”. É assim que muitas mulheres já se referiram ao ato de menstruar pela primeira vez. Uma das marcas do início da puberdade, a menstruação é uma transformação no corpo feminino, a partir da qual uma pessoa poderá gerar uma criança, se ocorrer a fecundação do óvulo pelo espermatozoide.

Ainda que a menstruação seja natural, o tabu em torno dela ainda impede que as pessoas se informem corretamente sobre tudo que está envolvido nesse processo. Embora esse tema seja cada vez mais estudado, ainda não se sabe ao certo por que a menstruação passou a ser vista como algo tóxico e que deveria causar vergonha em uma mulher.

Uma maneira de contornar esse problema é tomar consciência sobre o próprio corpo e compreender a menstruação como uma força do corpo feminino, analisando como ela pode fortalecer uma mulher e conectá-la com a própria essência. Isso porque estudar esse fenômeno sem pensar nos tabus pode nos colocar diante de rituais ancestrais que mulheres de muitos povos realizavam com o próprio sangue.

Caso você ainda não tenha se desconstruído a ponto de entender que sangue menstrual não é sujo e impuro, talvez você imagine que esse líquido deve ser descartado o mais rápido possível e que realizar algo com ele diferente disso seria um absurdo. Então prepare-se para ampliar seus conhecimentos e desvende como o seu sangue pode ser poderoso!

O que é plantar a Lua?

Um ritual ancestral que é realizado com o sangue menstrual recebe o nome de “plantar a Lua”. O nome pode parecer um pouco confuso, e, para que você o compreenda sem problemas, vamos identificar como tudo isso começou.

Absorventes com lantejoulas, pétalas e corações recortados
Alina Blumberg / 123RF

Antigamente, o sangue menstrual era visto como um símbolo de fertilidade e orgulho. A partir dele, era possível confirmar que ser mulher é como um superpoder, e não algo do que se envergonhar.

Assim, povos indígenas do México, Brasil, Chile e Peru tinham o hábito de utilizar o sangue menstrual para fertilizar a terra. Era comum, também, espalhar o sangue no rosto e no corpo, fazendo uma espécie de pintura, enaltecendo esse processo pelo qual o corpo feminino passa mensalmente.

Dessa forma, depositar o sangue na terra para fertilizá-la assemelha-se ao ato de plantar algo. Porém ainda falta outra parte da expressão para entender: a Lua. Por que “plantar a Lua” em vez de “plantar o Sangue” ou “plantar a menstruação”?

Como a Lua, satélite natural da Terra, apresenta quatro fases em um ciclo que dura 28 dias, ela se assemelha ao ciclo menstrual. As mulheres também experienciam ciclos de aproximadamente 28 dias, com quatro fases: menstruação, fase proliferativa, ovulação e fase secretora. Logo é possível associar a menstruação à Lua, chamando o processo de plantio desta de “plantar a Lua”.

A profecia do fim do plantar a Lua e o retorno da prática

Se o processo de plantar a Lua era tão praticado e tão reconhecido pelos povos indígenas como algo benéfico, por que as mulheres pararam de realizá-lo? Em primeiro lugar, devemos lembrar que o processo de exploração de terras indígenas tinha como objetivo suprimir a cultura desses povos, classificando rituais desse tipo como algo inadequado.

Além disso, a indústria passou a desenvolver diferentes meios de conter o sangue menstrual, cada vez mais discretos, porque a menstruação já se tornara um tabu e era vista como algo impuro e sujo, que deveria ser escondido. Então depositar sangue na terra poderia ser entendido até mesmo como algo tóxico.

Como consequência do desenvolvimento do tabu sobre a menstruação, a prática de plantar a Lua tornou-se cada vez mais rara. E, sobre isso, as mulheres indígenas do povo lakota apresentaram a seguinte profecia:

“Quando as mulheres deixaram de devolver seu sangue à terra, iniciaram-se a matança e as guerras, para que o derramamento de sangue suprisse a necessidade de nutrientes. E só quando todas as mulheres voltarem a devolver o seu sangue, é que haverá paz.”

Mulher segurando coletor menstrual
Sora Shimazaki / Pexels

Ou seja, sem o sangue menstrual para fertilizar a terra, os homens passaram a matar os animais e uns aos outros, de forma a suprir essa ausência. De acordo com a profecia, se as mulheres voltarem a plantar a Lua, o ciclo de violência irá se encerrar. Mas será que isso vai acontecer?

O retorno da prática de plantar a Lua já começou em todo o mundo. O resgate do Sagrado Feminino, dos ensinamentos ancestrais sobre o corpo da mulher e sobre toda a força que ele carrega é uma realidade, tanto pelas redes sociais quanto por cursos que têm esse foco.

Dessa maneira, mais mulheres começaram a usar coletores menstruais para o período de sangramento, o que permite que elas derramem o líquido acumulado no copo nas plantas que têm em casa. Seguindo a profecia, quanto mais mulheres fizerem isso, mais paz encontraremos.

Como plantar a Lua

Se você quer se reconectar com a sua ancestralidade e compreender o poder do seu corpo, descubra como plantar a Lua e sinta a força desse ritual!

O primeiro passo para plantar a Lua é utilizar coletor menstrual em vez de outros métodos absorventes, como calcinhas e absorventes descartáveis ou de pano. Tendo feito isso, você deve realizar o ritual no primeiro dia da sua menstruação ou quando a Lua Nova começar a aparecer no céu.

Coletor menstrual com flores
Polina Kovaleva / Pexels

Para isso, você deve diluir o seu sangue em ⅔ de água e preparar um altar ao seu redor, com objetos que são importantes para você e te ajudam a se conectar consigo. Então medite por alguns instantes e, se souber, repita cantos sagrados para invocar a Deusa.

Depois, caminhe até o jardim da sua casa ou ajoelhe-se diante do vaso de planta que você deseja nutrir. Mentalize tudo que você aprendeu durante o seu ciclo e o que você deseja melhorar. Posteriormente derrame o sangue diluído em volta das plantas. Para finalizar, feche os olhos e medite sobre esse processo.

Quem não menstrua pode plantar a Lua?

As pessoas que não menstruam, como as mulheres que fazem uso de anticoncepcionais, que já estão na menopausa, que interromperam a menstruação ou que são mulheres transexuais também podem plantar a Lua.

Nesse caso, você deve prestar atenção ao céu. Assim que a Lua Nova aparecer, prepare um suco de uva, um chá de hibisco ou use uma taça de vinho. Esse líquido de cor avermelhada irá representar o seu sangue e não irá prejudicar as plantas que você quer nutrir.

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Ao separar a sua Lua, basta realizar o ritual como foi explicado anteriormente, porque a parte mais importante dele é a manifestação de bons pensamentos, de aprendizado e de gratidão pelo seu ciclo.

Incremente seu ritual de plantar a Lua

Como foi dito anteriormente, você pode incrementar seu ritual de plantar a Lua com cantos e com objetos que te ajudem a meditar. Caso você não conheça nenhum desses dois itens, separamos alguns que vão tornar esse processo ainda mais especial!

Cantos para o ritual de plantar a Lua

Útero sagrado

“Útero Sagrado, centro de poder
Tu que guardas as memórias,
De tudo que já aconteceu
Limpo meu passado, volto a renascer
Flor maravilhosa, abra-te para o prazer”

Eu sou Deusa

“Eu sou a deusa toda poderosa
Debaixo da montanha como a água entre as rochas
Eu venho para o vale deusa feita mulher
A terra fica verde, é hora de crescer

Eu sou uma mulher, sou uma loba poderosa
Eu sou uma criadora de vida aqui na Terra
Sou gestora de todo renascimento
E aqui na minha barriga está todo o meu poder

Os quatro elementos
Terra, meu corpo
Água, meu sangue
Ar, meu sopro
E fogo, o meu espírito”

Cristais para o ritual de plantar a Lua

Se você quer criar um altar próprio para se conectar com quem você é e com a sua menstruação, escolha algum dos cristais que separamos e que vão te ajudar para esse fim: ametista (desenvolve a espiritualidade), pedra-da-lua (facilita a menstruação), quartzo rosa (estimula a criatividade e o amor próprio), pirita (combate a insegurança), selenita (promove o relaxamento), granada (destaca a beleza) e fluorita (atrai sucesso).

A partir do que você aprendeu, agora já sabe que plantar a Lua é um ritual que pode trazer muitos benefícios para você, para a sua conexão com a própria ancestralidade, para a natureza e para o mundo. Descubra um pouco mais do seu corpo a cada dia e desperte a força que está adormecida em você!

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